São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fugindo do risco, investidor busca ouro

Cotação do metal, usado como proteção, chega a US$ 1.800 por onça-troy, ainda abaixo do pico dos anos 1980

Bancos centrais detêm parcela considerável do ouro mundial, mas ele não deve voltar a ser padrão monetário

Kerem Uzel - 12.nov.10/Bloomberg
Ouro passa por tratamento em oficina da Turquia

JEFF SOMMER
DO "NEW YORK TIMES"

Preocupado com a Grécia, o futuro do euro, o limite das dívidas federais dos Estados Unidos ou talvez quanto à economia mundial como um todo? Compre ouro.
Grande número de investidores vem pensando dessa maneira, o que levou o preço do ouro a recordes em termos nominais (sem descontar os efeitos da inflação).
Nesta semana, o ouro ultrapassou a marca de US$ 1.800 por onça-troy (que equivale a 31,1 gramas) pela primeira vez. A marca, porém, é inferior ao seu pico em 1980, quando chegou a preço que equivaleria hoje a US$ 2.516, segundo o economista Edward Yardeni.
Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), não é entusiasta do ouro, mas está atento à tendência. Bernanke reconheceu em depoimento ao Congresso neste mês que está atento aos preços do ouro.
"Creio que o motivo para que as pessoas invistam em ouro seja como proteção contra as variantes mais severas de risco", afirmou Bernanke.
"Já que os acontecimentos dos últimos anos levaram as pessoas a se preocupar mais com o potencial de uma grande crise, elas passaram a recorrer mais ao ouro como proteção."
Alguns especialistas não consideram o ouro um ativo apropriado para uma carteira típica de investimentos diversificados, em parte porque o metal não gera receita mas mantê-lo acarreta custo. O ouro, no entanto, é certamente um ativo financeiro.
Jeffrey Sica, por exemplo, da SICA Wealth Management, encara o ouro e outras commodities de forma muito positiva - e está pessimista quanto a quase todas as demais categorias de ativos.
"No momento, creio que o ouro parece melhor que nunca", disse Sica. Ele considera que exista uma probabilidade dolorosamente alta de que eventos infelizes ocorram nos próximos meses e acredita que o ouro oferecerá alguma proteção.
Sica afirma que "houve uma perda generalizada de confiança na capacidade dos bancos centrais e governos para administrar a economia". "Isso continuará a prover sustentação ao ouro e aos demais metais preciosos", acrescenta.
Mesmo nos bancos centrais, o prestígio do ouro cresceu. Em junho, o UBS organizou conferência com gerenciadores de reservas de bancos centrais, administradores de instituições multilaterais e fundos de investimento soberanos e constatou que o ouro era visto como melhor classe de ativo em desempenho pela maior parte deles para 2011.
Larry Hatheway, economista-chefe do UBS Investment Bank, diz que a maioria dos participantes afirmou esperar que o dólar deixe de ser a mais importante moeda mundial de reserva nos próximos 25 anos. A expectativa é que "uma carteira de divisas" o substitua e menos de 10% dos participantes imaginam que esse papel possa vir a caber ao ouro.
O Conselho Mundial do Ouro, que acompanha estoques mundiais, diz que os BCs detêm 29 mil toneladas de ouro. Um total de apenas 166 mil toneladas foi extraído ao longo da história, de acordo com o conselho, o que significa que os BCs detêm proporção considerável do ouro mundial.
Por quê? É um legado de uma era na qual as grandes moedas mundiais estavam atreladas ao ouro. O conselho afirma que, com mais de 8 mil toneladas, os Estados Unidos detêm o maior estoque mundial de ouro.

TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Escola pública terá educação financeira
Próximo Texto: Finanças Pessoais - Marcia Dessen: Quem dita o preço de venda do imóvel de José: ele ou o mercado?
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.