São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

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VAIVÉM

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Cepea aponta preço recorde nas commodities

As commodities agropecuárias estão sendo negociadas com valores jamais atingidos antes no país. Boi, açúcar, café e algodão estão entre esses produtos, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, órgão que acompanha diariamente os preços das principais commodities agropecuárias no mercado interno.
Lucilio Alves, pesquisador do Cepea, diz que, há três anos, o setor vivia momentos ruins, com pouca rentabilidade. A primeira reação dos produtores foi o uso de menos tecnologia na produção ou a transferência para outras culturas mais rentáveis.
O resultado foi uma oferta menor, acentuada ainda mais com a ocorrência de problemas climáticos em várias regiões produtoras.
A redução de oferta foi pouco sentida no período da crise econômica mundial de 2008, devido à desaceleração das principais economias. A recuperação da demanda veio, no entanto, antes do que se imaginava.
O analista do Cepea diz que os preços remuneradores atuais podem dar um novo ciclo na oferta. Os produtores vão investir mais na produção, obter maior produtividade e elevar a oferta.
Isso não significa um alívio nos preços no curto prazo porque essa oferta servirá inicialmente para uma recomposição dos estoques que, em alguns casos, estão abaixo da média histórica.
O analista do Cepea diz que a tendência é um ciclo de maior produção e de preços menores, mas ainda é incerto quando isso vai ocorrer.
A produção do hemisfério Sul desta safra ainda não está garantida devido a eventuais efeitos do "La Niña".
Os indicadores de preços do Cepea já começaram a registrar valores recordes há um mês, quando açúcar e boi atingiram os maiores valores da série feita pelo órgão.
Já nesta semana foi a vez do café e do algodão serem negociados internamente com valores recordes.
Essa aceleração externa e interna de preços vai trazer de novo as incertezas inflacionárias ocorridas antes da crise financeira de 2008, diz Alves.

Seca O clima seco na Argentina pode não permitir uma produção de soja próxima dos 52 milhões de toneladas, como se previa inicialmente. Alguns analistas já indicam volume inferior a 50 milhões de toneladas.

Mais difícil Essa redução na produção de soja, o principal item da agricultura argentina, pode frustrar mais uma vez os argentinos, que esperavam safra acima de 100 milhões de toneladas.

Concorrência Os argentinos devem voltar a ocupar bom espaço do mercado externo de milho, inibindo as exportações brasileiras. Eles terão 18,5 milhões de toneladas do cereal para exportar na safra 2010/11.

Efeito crise Os produtores da Itália utilizaram 2,4% menos área na agricultura em 2009. Já a distribuição de fertilizantes recuou 9,6%, segundo o Istat (Istituto Nazionale di Statistica).

Para os pequenos A Fundação Syngenta vai desenvolver uma semente de milho resistente à seca. O produto será destinado a pequenos produtores da Ásia.

De volta Após forte aceleração na segunda-feira, o suco de laranja voltou para US$ 1,60 por libra-peso ontem, com queda de 4,1%.

OLHO NO PREÇO
COTAÇÕES


Mercado Interno

BOI GORDO
(arroba em R$) 101,50

SUÍNO
(arroba em R$) 63,00

Chicago

MILHO
(dólar por bushel) US$ 5,87

SOJA
(dólar por bushel) US$ 12,96


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