São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011 |
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Medida do BC para segurar crédito afeta vendas de veículos Retração, de 7,1%, foi a primeira em sete meses e a maior entre setores pesquisados pelo IBGE em janeiro Sem veículos, varejo cresce 1,2% em janeiro, com o bom desempenho de mercados, móveise eletrodomésticos PEDRO SOARES DO RIO As medidas do Banco Central para conter o crédito já tiveram impacto sobre o comércio: a venda de veículos, em unidades, caiu 7,1% de dezembro para janeiro, segundo o IBGE. Foi a primeira retração em sete meses, e o setor teve o pior desempenho entre os pesquisados. Desde dezembro, o BC exigiu que os bancos colocassem mais capital próprio em determinadas linhas de financiamento. Com isso, conseguiu ampliar a taxa de juros dos empréstimos e reduzir o número de prestações -que, no caso de veículos, chegava a até 72 meses. Diante desse cenário, as novas concessões de empréstimos a pessoa física caíram 5% em janeiro, e uma das modalidades mais afetadas foi a de automóveis. "O aperto do crédito pode explicar a queda das vendas de veículos. O setor depende muito de financiamento, e os prazos se encurtaram e o custo subiu", disse Reinaldo Pereira, economista do IBGE. Para Pereira, a alta da taxa básica de juros ainda não teve efeito no comércio, o que deve ocorrer somente a partir de abril ou maio. Mas, diz, as chamadas "medidas macroprudenciais" de restrição do crédito mostraram impacto nas vendas de veículos, sem afetar, porém, outros ramos sensíveis a crédito (como móveis e eletrodomésticos). O fraco resultado de veículos provocou um descompasso entre o índice tradicional do varejo do IBGE e o chamado indicador do comércio varejista ampliado -que inclui automóveis e material de construção, setores atuantes também no atacado. O varejo ampliado registrou queda de 0,2% em janeiro na comparação livre de influências sazonais com dezembro -veículos têm o maior peso no índice (32%). Já as vendas do "varejo puro" subiram 1,2%, na esteira do bom desempenho de super e hipermercados (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (2,7%). Esses ramos respondem à renda e ao emprego em alta e aos preços mais baixos de importados. Ante janeiro de 2010, o comércio registrou expansão de 8,3%. EFEITO IMEDIATO Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC, a principal vantagem das medidas macroprudenciais é "seu efeito quase imediato para segurar o crédito", ao passo que a alta dos juros tem uma defasagem de até seis meses para começar a esfriar a economia. As vendas de veículos devem continuar a se desacelerar, mas não na mesma intensidade de janeiro, diz ele. Alexandre Andrade, da Tendências, crê que as taxas de juros vão se manter em ascensão e conter o ritmo de crescimento das vendas do comércio -sustentadas ainda por emprego e massa salarial em alta. A consultoria espera um crescimento de 6,8% do comércio varejista em 2011. Em 2010, o varejo teve alta recorde de 10,9%. Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Síndrome do pânico e do Japão Próximo Texto: Instalação de UPP faz preço de imóveis disparar no Rio Índice | Comunicar Erros |
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