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"Minha Casa" dobra valor de terrenos em periferias
Construções ganham impulso com programa e alta da renda e do crédito
Para se adequarem aos
valores do Minha Casa,
construtoras procuram
áreas afastadas e de
grandes proporções
PEDRO SOARES
DO RIO
Programa federal de habitação popular, o Minha Casa,
Minha Vida acirrou a disputa
de construtoras por terrenos
em periferias e fez até dobrar
os preços em áreas no entorno de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador,
Brasília e Fortaleza.
Segundo Daniel Ruman,
presidente da construtora
Bairro Novo (braço popular
da Odebrecht), há três anos a
empreiteira comprava terrenos nessas regiões a R$ 10 o
metro quadrado. Hoje, não
saem por menos de R$ 20.
"Não havia concorrência
nem interesse por esses terrenos. Agora, existe", afirma.
Outras regiões se valorizaram ainda mais, diz, mas elas
nem sequer são olhadas pela
Bairro Novo. É o caso de São
Paulo, onde Ruman diz ser
impossível comprar terrenos
por menos de R$ 20 o m2.
"Nosso modelo de negócio
só é rentável até esse limite."
A Bairro Novo é a maior
empreendedora do Minha
Casa, Minha Vida, programa
que concede subsídios para
compra de imóvel à baixa
renda (até seis salários mínimos) e condições facilitadas
de financiamento pela Caixa
Econômica Federal.
A construtora só incorpora
terrenos com ao menos 200
mil metros quadrados para a
construção de 2.500 unidades, em média.
"Por isso temos de ir para
regiões mais afastadas. Mesmo nas periferias do Rio e de
São Paulo, não achamos nada desse tamanho nem pelo
preço que queremos."
Segundo Rogério Chor,
presidente da Ademi (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), os terrenos no subúrbio
carioca já valorizaram 20%
desde 2006, quando começou a retomada das construções na região.
Em São Paulo, o preço dos
imóveis prontos subiu, em
média, 27% em dois anos.
RENDA
As construções nas periferias e nas cidades do entorno
das capitais, diz Chor, tiveram um primeiro impulso
com a alta da renda -que fez
renascer uma classe média
baixa emergente- e a ampliação do crédito imobiliário dos bancos privados.
A tendência, porém, ganhou ainda mais fôlego com
o Minha Casa, Minha Vida.
A julgar pelo avanço de
51% na concessão de crédito
à habitação em abril, ainda
há muito espaço para a expansão de lançamentos imobiliários e a consequente valorização dos terrenos.
Para Marco Adnet, diretor
da Rossi, há "uma clara valorização" de áreas nos subúrbios, movimento que ganhou
força com o programa federal
de habitação.
PADRONIZAÇÃO
Segundo Alexandre Calazans, da Living (braço popular da Cyrela), os empreendimentos do programa só são
viáveis com construções de
edifícios padronizados (o
que permite custo menor) e
em grandes terrenos.
"O retorno nessas construções é menor, por isso é preciso ter volume", diz Chor.
Para Romário Fonseca, gerente da corretora Lopes, o
programa federal atrai moradores de áreas invadidas e
com posse irregular da terra.
"Começam a surgir grandes empreendimentos às
margens de favelas. Com o
subsídio do programa, elas
podem sonhar em sair das
comunidades."
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