São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011

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Brasil tem menor alta mundial no consumo de defensivos agrícolas

Apesar de avanço de apenas 1,5% entre 2004 e 2009, país ainda lidera gasto mundial em dólares

Estudo revela que Brasil liderou a produção de alimentos com pouco avanço da área e forte ganho de produtividade

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

O Brasil é o país que registra a menor evolução mundial no consumo de defensivos agrícolas, quando considerados os países que tiveram crescimento de área cultivável de 2004 a 2009.
Os Estados Unidos, na contramão dos demais países, tiveram queda no uso de defensivos. Isso ocorreu devido à consolidação da implementação da biotecnologia no país -o que impacta a utilização de defensivos- e a uma pequena redução de área cultivável.
Os dados fazem parte de estudo da consultoria alemã Kleffmann. Lars Schobinger, presidente da empresa, diz que o objetivo do estudo é "criar uma matriz comparável de utilização de defensivos ao longo do tempo" entre os principais produtores.
No período de 2004 a 2009, o Brasil foi o que registrou a maior evolução na produção de alimentos, ampliando em 44,5% o volume.
Já o consumo de defensivos subiu 1,5%, quando considerados os gastos em dólares por tonelada de produto agrícola obtido. O segundo colocado em aumento de produção foi a Rússia (mais 22%), com aumento de 28% no consumo de defensivos.
Esse avanço do Brasil ocorre mesmo com aumento de apenas 4% de área. Houve ganho de produtividade.

LIDERANÇA MUNDIAL
Apesar desse desempenho melhor no Brasil do que em outros países, quando se trata de utilização de defensivos e obtenção de produtos, o país deverá manter a liderança mundial quando computados os gastos em dólares.
Em 2010, os gastos com defensivos somaram US$ 7,3 bilhões. Neste ano, devem superar esse valor. Por ser um país tropical, onde a incidência de pragas é maior, e obter pelo menos duas safras por ano, o Brasil gasta, em dólares, mais do que os demais produtores. A pesquisa não apura dados em volume.
Quando transformado o gasto brasileiro com defensivos agrícolas em toneladas de produto obtido, o consumo do país é maior apenas do que o da China e o da Rússia.
O estudo da Kleffmann considera não só a produção de grãos, mas também a de outras culturas, entre elas a da cana-de-açúcar, que tem grande peso no Brasil.

GASTOS
Os produtores brasileiros gastaram US$ 7,39 (R$ 11,80) por tonelada de produto agrícola conseguido em 2009, dado mais recente disponível. Os russos gastaram US$ 2,12 e os chineses, US$ 1,31.
O Japão está entre os campeões mundiais de utilização de defensivos por tonelada de alimento: US$ 97,73.
Os gastos do Japão superam os dos demais países devido ao perfil das culturas e ao modelo de distribuição de derivados, mais caro.
Nos EUA, onde o uso de biotecnologia é intenso, os gastos com defensivo atingiram US$ 9,42 por tonelada de produto obtido.
Apesar de ser um dos líderes mundiais na produção de grãos, e chamar a atenção das principais indústrias mundiais, o Brasil tem uma defesa agrícola que não conta com os produtos mais eficientes e mais modernos.
O presidente da Kleffmann diz que há uma burocracia muito grande na liberação de novos produtos. Isso encarece o custo das empresas, dos produtos e dos agricultores.


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