São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Brasil concentra atenção em fórum chinês

Empresários discutiram possibilidades para que negócios na América Latina avancem além das commodities

País é principal "estudo de caso" para compras chinesas na região, que desde 2000 saltaram de US$ 5 bi para US$ 58 bi

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Maior destino dos investimentos chineses e seu principal parceiro comercial na América Latina, o Brasil acabou no centro das atenções do fórum aberto ontem em Pequim para discutir oportunidades de negócio entre o gigante asiático e a região.
As compras chinesas na região saltaram de US$ 5 bilhões, em 2000, para US$ 58 bilhões (cerca de R$ 99 bilhões) no ano passado.
Em painéis que discutiam temas como a exploração de recursos naturais, o comércio de commodities e os investimentos na América Latina, o Brasil foi o principal "estudo de caso".
Um dos consensos do encontro é que, embora a presença da China esteja mais visível do que nunca na América Latina, ainda está muito concentrada na compra e em projetos de commodities.
"Mais da metade dos investimentos na América Latina vai para o Brasil", disse Gerardo Mato, do banco HSBC. "Mas quase todo o investimento na América Latina é a soma de apenas três ou quatro empreendimentos."
Zhang Liping, presidente do Credit Suisse na China, adotou linha semelhante ao falar das aquisições chinesas na América Latina, que registraram um recorde de US$ 10 bilhões neste ano.
Lembrou que o volume praticamente se resumia à compra de metade da petroleira argentina Bridas (US$ 3,1 bilhões), de 40% do campo de petróleo Peregrino, na bacia de Campos (US$ 3,07 bilhões) e de concessionárias de energia espalhadas pelo Brasil (US$ 1,73 bilhões).
No caso das aquisições no Brasil, houve a ressalva de que as transações nem passam pelo país, já que a venda de Peregrino foi feita pela norueguesa Statoil e as concessionárias tinham controle de empresas espanholas.

OTIMISMO
Mas predominou o tom de otimismo para o futuro, e expressões como "enorme potencial" e "tremendas oportunidades" foram ouvidas várias vezes ao longo do dia.
Foram mencionados sinais de mais investimentos, principalmente no Brasil.
Um levantamento de Rodrigo Maciel, da consultoria Strategus, mostra que há 150 empresas chinesas interessadas em investir no país, em setores tão diversos como equipamento para indústria petroleira, montadoras, metalurgia e turbina eólica.
Maciel, que fez o levantamento por encomenda da LLX, uma das companhias do empresário Eike Batista, diz que ao menos 20% dessas empresas já montaram representação no país. "É muito mais fácil vender o Brasil hoje em dia", diz o consultor, desde 2001 atuando no país asiático.
Um dos problemas apontados para a presença ainda incipiente da China é a falta de mecanismos, segundo Chang Yunbo, executivo da CCCC, uma das maiores construtoras chinesas.
O número de participantes do 2º Fórum Investidores América Latina China (LA-CIF), que termina hoje, chegou a cerca de 500 pessoas, que pagaram até US$ 4.000 para se inscrever.
Entre os patrocinadores do evento, estavam o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Credit Suisse, HSBC, BTG Pactual e BNP Paribas.


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