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ANÁLISE
Austrália limita os chineses, que têm passe livre apenas na África
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO
A Austrália criou uma lei
sob medida para limitar as
ambições chinesas.
O Conselho de Supervisão
de Investimentos Estrangeiros da Austrália estipulou,
no ano passado, que empresas "estatais" estrangeiras só
podem obter até 15% das
ações de empresas que detenham recursos minerais.
À época, o país era governado pelo único primeiro-ministro fluente em mandarim fora da China, o trabalhista Kevin Rudd. Especialista em China e agora chanceler, ele achava que os recursos naturais australianos
não poderiam ficar nas mãos
de um governo estrangeiro,
que é pautado por suas necessidades domésticas, muito além das regras de oferta e
procura do mercado.
Os chineses chiaram muito -depois de tentar comprar
o controle da mineradora Rio
Tinto três vezes e ter suas pretensões barradas pelo governo, quatro executivos da empresa foram presos em Xangai, em uma mal contada história de propinas.
Como a Justiça chinesa é
um braço do Partido Comunista, muitos acreditaram
que foi retaliação.
Para garantir a segurança
alimentar e as matérias-primas que ajudam a erguer sua
infraestrutura, a China compra à vista e apressadamente
recursos por todo o mundo.
Só no ano passado, a China
importou 600 milhões de toneladas de minério de ferro.
Na África, a China não tem
enfrentado obstáculos. Ela
compra jazidas inteiras e poços de petróleo, e leva milhares de operários chineses para fazer o serviço. Em troca,
constrói obras de infraestrutura, oferece créditos a juros
baixos e faz agrados a ditadores e governos amigos.
Na Namíbia, vários filhos
de ministros ganharam bolsas para estudar nas melhores universidades chinesas
depois que uma empresa de
Pequim ganhou a concorrência para instalar scanners no
aeroporto de Windhoek. O filho do líder Hu Jintao é diretor de tal empresa.
Nos EUA, tentativas de
aquisições de empresas americanas por chineses foram
barradas. Mas é difícil descobrir se foi interesse nacional
ou por lembranças do "perigo amarelo" da Guerra Fria.
O novo destino das investidas chinesas é a América Latina. Há muito dólar sobrando em Pequim e planos de
longuíssimo prazo. É normal
que as discussões australianas se trasladem para cá.
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