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Concentração preocupa países desenvolvidos
DE SÃO PAULO
A concentração de minerais importantes em determinadas regiões está preocupando nações desenvolvidas, que temem ficar nas
mãos de países instáveis politicamente.
Recentemente, o Japão
acusou a China de barrar as
exportações de terras raras,
um conjunto de minerais demandado por diferentes tipos de indústria, da automobilística à eletroeletrônica.
São aplicados em itens de
alta tecnologia, como câmeras digitais e telas de plasma,
e necessários para produtos
mais eficientes do ponto de
vista ambiental, como lâmpadas econômicas e baterias
para carros híbridos.
Por isso, a demanda é crescente, assim como a preocupação quanto à oferta, já que
a China responde por 95% da
produção mundial.
Especialmente para aplicações militares, os Estados
Unidos exploraram as terras
raras em Mountain Pass, mina localizada na Califórnia, a
partir da década de 1960.
Mas, em meados dos anos
1980, quando a China começou a exportar esses minerais
a preços competitivos, a produção norte-americana começou a declinar, afirma
Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Ibram
(Instituto Brasileiro de Mineração). "Houve uma espécie
de cochilada geral nessa área
e os países não perceberam o
domínio da China", diz.
O alarme também chegou
à Europa. Há cerca de três
meses, a UE divulgou uma
lista com 14 metais considerados estratégicos para a sua
economia e que, na avaliação do bloco, podem sofrer
restrições na oferta.
É o caso das terras raras,
mas também do índio, do paládio e até do nióbio -este
último, com 90% das reservas concentradas no Brasil.
Outros minerais ainda podem ser incluídos nessa lista,
que será atualizada regularmente pela UE. O lítio, usado
na produção de veículos elétricos, é um candidato a integrar essa relação.
"Estimativas atuais apontam que as reservas estimadas de lítio são da ordem de
cem anos. Se todos os automóveis do mundo tivessem a
tecnologia, as reservas não
durariam mais de dez anos",
diz Mathias Heider, do DNPM
(Departamento Nacional de
Produção Mineral).
"Essa problemática indica
um novo jogo de poder político e econômico que envolve
os metais, devido ao papel
fundamental que eles têm
para os produtos de última
geração", afirma Cristiane
Mancini, analista da Lafis
Consultoria.
(TF)
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