São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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Concentração preocupa países desenvolvidos

DE SÃO PAULO

A concentração de minerais importantes em determinadas regiões está preocupando nações desenvolvidas, que temem ficar nas mãos de países instáveis politicamente.
Recentemente, o Japão acusou a China de barrar as exportações de terras raras, um conjunto de minerais demandado por diferentes tipos de indústria, da automobilística à eletroeletrônica.
São aplicados em itens de alta tecnologia, como câmeras digitais e telas de plasma, e necessários para produtos mais eficientes do ponto de vista ambiental, como lâmpadas econômicas e baterias para carros híbridos.
Por isso, a demanda é crescente, assim como a preocupação quanto à oferta, já que a China responde por 95% da produção mundial.
Especialmente para aplicações militares, os Estados Unidos exploraram as terras raras em Mountain Pass, mina localizada na Califórnia, a partir da década de 1960.
Mas, em meados dos anos 1980, quando a China começou a exportar esses minerais a preços competitivos, a produção norte-americana começou a declinar, afirma Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração). "Houve uma espécie de cochilada geral nessa área e os países não perceberam o domínio da China", diz.
O alarme também chegou à Europa. Há cerca de três meses, a UE divulgou uma lista com 14 metais considerados estratégicos para a sua economia e que, na avaliação do bloco, podem sofrer restrições na oferta.
É o caso das terras raras, mas também do índio, do paládio e até do nióbio -este último, com 90% das reservas concentradas no Brasil.
Outros minerais ainda podem ser incluídos nessa lista, que será atualizada regularmente pela UE. O lítio, usado na produção de veículos elétricos, é um candidato a integrar essa relação.
"Estimativas atuais apontam que as reservas estimadas de lítio são da ordem de cem anos. Se todos os automóveis do mundo tivessem a tecnologia, as reservas não durariam mais de dez anos", diz Mathias Heider, do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
"Essa problemática indica um novo jogo de poder político e econômico que envolve os metais, devido ao papel fundamental que eles têm para os produtos de última geração", afirma Cristiane Mancini, analista da Lafis Consultoria.
(TF)


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