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ANÁLISE CITRICULTURA
Cadeia da laranja já trouxe mais de R$ 110 bilhões ao país
MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em outubro de 2009, começamos a discutir com a CitrusBR, uma nova organização setorial da indústria citrícola, que até então se mostrava fortemente desarticulada,
pois tinha uma associação de
indústria com um só associado e uma associação de citricultores com pouca representação em volume de frutas.
Indiferença geral e uma
agenda pautada por aspectos negativos e desconfiança.
O objetivo da conversa era
atualizar o estudo de 2003 de
quantificação da cadeia produtiva dos citros, naquela visão científica de pesquisar,
reunir dados, fazer analises e
trazer propostas, publicando
artigos, livros e outras formas de divulgação, formando talentos e cumprindo com
o papel básico da universidade.
Após 12 meses e dez pessoas trabalhando, o resultado saiu e será divulgado no
próximo dia 20 em evento em
São Paulo.
Paralelamente, estimulados pelo secretário de Agricultura e pelas organizações
setoriais, e com novas lideranças participando, o setor
vem discutindo fortemente a
formação do Consecitrus,
que seria um mecanismo de
pagamento da fruta semelhante ao da cana, permitindo maior compartilhamento
de riscos e transparência.
O consenso já está ao alcance da visão e é uma solução ao setor.
Seguem apenas alguns
dos números levantados.
Desde 1962, a citricultura
trouxe US$ 60 bilhões ao Brasil em exportações. Em 2010,
esperam-se US$ 2 bilhões
(quase 3% do agronegócio).
O Brasil detém 50% da
produção mundial de suco,
e, exportando 98% do que
produz, consegue incríveis
85% de participação no mercado mundial.
O PIB do setor citrícola é de
US$ 6,5 bilhões, e o faturamento total de seus elos foi
de mais de US$ 14 bilhões em
2009.
O setor gera 230 mil postos
de trabalho e uma massa salarial anual de R$ 676 milhões. Essa cadeia não tem só
o suco de laranja -em 2009,
foram exportados US$ 241
milhões em subprodutos.
Dois problemas: em 2009,
foram pagos R$ 518 milhões
em tarifas, o que equivale a
R$ 1,90 por caixa processada
e, considerando-se as exportações de 2006 a 2009, se a
taxa de câmbio fosse de US$ 1
para R$ 2,32, o setor teria R$
760 milhões a mais por ano.
O câmbio e os custos sufocam o setor.
O estudo acabou sendo o
catalisador para que a indústria citrícola passasse a ganhar confiança quanto à necessidade de divulgar suas
informações, de forma agregada.
A citricultura, antes tão
criticada por nós pela sua falta de coordenação e de articulação, está dando a volta
por cima e coloca as discussões em novo patamar.
Que seja um passo para
uma construção conjunta de
uma nova fase, caracterizada
por relações mais harmônicas, transparência, trabalhos
integrados, compartilhamento de ativos, combate a
custos de produção e outras
ameaças, para que seus profissionais possam focar a
atenção nos seus problemas
mais sérios: o desenvolvimento de mercados e as
doenças e pragas (custos).
Aí sim a citricultura pode
trazer a São Paulo e ao Brasil
outros US$ 60 bilhões a US$
100 bilhões nos próximos 50
anos, movimentando a economia do interior.
MARCOS FAVA NEVES é professor titular
de planejamento na FEA/USP (Campus de
Ribeirão Preto) e coordenador científico do
Markestrat.
Internet: www.favaneves.org
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