São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011

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Argentina exporta software e aplicativos para o Brasil

Vizinhos vendem US$ 400 milhões ao país e têm 'Vale do Silício' em Palermo

Formação qualificada, custos menores e empreendedorismo digital atraem empresas brasileiras

LUCAS FERRAZ
SYLVIA COLOMBO

DE BUENOS AIRES

Decolar.com, Patagon e Mercado Livre são sites criados na Argentina que acabaram virando potências regionais. Mais de uma década depois, boa parte dos aplicativos lançados para o Orkut e Facebook no Brasil, em português, é desenvolvida em Buenos Aires.
No empreendedorismo digital, os argentinos viraram o Vale do Silício do Cone Sul. O país exporta US$ 400 milhões em softwares para o Brasil. O setor digital emprega mais de 60 mil pessoas e tem um faturamento que, no ano passado, chegou a mais de US$ 2,5 bilhões. Em Buenos Aires, foi criado até o Palermo Valley -um trocadilho com o Vale do Silício norte-americano e com um dos bairros mais pop da capital portenha-, uma ONG com mais de 5.000 membros que promove eventos a cada dois meses para a apresentação de projetos a clientes.
"Primeiro, o fato de a economia ser muito instável faz com que os mais jovens não tenham medo de se arriscar. E, como somos um mercado pequeno, temos que olhar para o exterior, o que faz com que já nasçamos globalizados", diz Vanesa Kolodziej, 34, uma das fundadoras do Palermo Valley e presidente da BA Acelerator, uma companhia especializada em transformar ideias em negócios na rede. Muitos executivos argentinos da área de tecnologia e informática construíram parte da carreira no exterior ou deixaram o país na crise econômica de 2001. Agora voltam com cenário melhor e mais seguro para investir.
"Tudo aqui nasce com vocação para ser global, porque não temos para onde crescer", diz Santiago Pinto Escalier, 45, da empresa Smowtion, dedicada a vender publicidade para blogs e portais.
Especializada em publicidade desenvolvida para celulares, a empresa HuntMads, criada no ano passado, atua desde a Argentina com pernas em países como EUA, México e Brasil -um escritório deve ser aberto em São Paulo até o final deste ano.
Desenvolvendo plataformas para clientes pesos pesados como Sony e Coca-Cola, a HuntMads, segundo o diretor Gastón Bercun, encontrou na Argentina um cenário ideal para atuar.
"Há uma capacidade empreendedora muito grande, e a mão de obra argentina é boa e barata", disse. Para Mariano Stampella, 32, um dos sócios da FDV Solutions, o fenômeno digital argentino deve-se também ao fato de ser um mercado jovem muito qualificado, que vem principalmente de universidades públicas, como a de Buenos Aires.

ONU
A empresa de Stampella é um exemplo do cenário na Argentina: com 70 funcionários, a maioria jovens entre 20 e 21 anos, a companhia desenvolveu para a ONU um programa para Facebook, Twitter e YouTube, ferramenta utilizada para doações a países africanos e missões de paz em todo o mundo. A companhia também criou o aplicativo oficial da banda norte-americana Bon Jovi.


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