São Paulo, terça-feira, 16 de novembro de 2010

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Diretores "compram" empresa fantasma após entrada da Caixa

Empresas suspeitas de crime financeiro são abertas oito dias após negócio com banco estatal

Com capital de R$ 100, empresas evitam identificar donos e servem para lavar dinheiro no exterior

Divulgação SBT
O apresentador e empresário Silvio Santos grava programa de auditório para a rede SBT]

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

Ex-diretores do banco PanAmericano "compraram" empresas fantasmas logo após a conclusão do negócio com a Caixa Econômica Federal, no final de 2009.
A compra de empresas de participação com capital de R$ 100, feita por dois ex-diretores, como revelou a Folha no sábado, ocorreu entre 1 e 8 dias após a Caixa anunciar, no dia 1º de dezembro, a compra de 35,54% do banco, por R$ 739,3 milhões.
Um dia depois o então diretor jurídico Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno e uma sócia, Joyce de Paula, adquiriam a Antillas Empreendimentos, registrada na Junta Comercial de São Paulo com capital de R$ 100.
Elinton Bobrik, diretor de novos negócios, assumiu o controle da Razak Empreendimentos em 9 de dezembro.
Ambas foram criadas para atuar como holding de instituições não financeiras, uma forma de controlar as operações de diversas empresas.
Por meio de uma série de participações cruzadas, fica quase impossível identificar os donos de uma holding.
Essas empresas também facilitam a lavagem de dinheiro por meio de empresas em paraísos fiscais.
As duas empresas -Antillas e Razak- foram criadas pelos sócios Ivan dos Santos Freire e Valdison Amorim dos Santos em São Paulo.
Juntos, os sócios criaram cerca de 50 empresas de R$ 100 nos últimos três anos.
Policiais federais, contadores e advogados especialistas em direito administrativo e tributário afirmaram à Folha que esse tipo de negócio é incomum e pode indicar a empresa fraudulenta.
O que chama a atenção, segundo consultores ouvidos pela Folha, são as estratégias e a quantidade de empresas em comum entre parte dos executivos afastados.
Rafael Palladino, ex-superintendente, aparece como sócio em 20 empresas.

OUTRO LADO
A Folha não localizou até o fechamento desta edição os ex-diretores do PanAmericano -Bobrik e Carvalho Bruno- para comentar o caso.
Santos, ex-estudante de direito envolvido no suposto esquema de abertura de empresas fantasmas, afirmou à Folha que trabalha com assessoria empresarial e que algumas das empresas são criadas a pedido de clientes.
Ele trabalhou como estagiário de um escritório de advocacia que defende o Diretório Estadual do PT em São Paulo e diversos políticos da cúpula do partido.


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