São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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Rodovia sob concessão é mais bem avaliada

FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

A intenção do governo Dilma Rousseff de entregar à iniciativa privada a construção de terminais em Viracopos e Cumbica trouxe um misto de entusiasmo e ceticismo a representantes do setor de transportes.
A maior experiência com concessões na área feitas pelo governo federal do PT é no transporte rodoviário.
Lula autorizou poucas, mas foram oito concessões a partir de 2008, para um total de 3.200 km. Houve ainda duas PPPs (Parcerias Público-Privadas) para 378 km.
Embora em número e total de quilômetros menores, as rodovias hoje administradas pela iniciativa privada são de longe muito mais bem avaliadas do que as públicas.
Segundo pesquisa feita em 2010 pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes), só 32,4% dos 76.400 km de rodovias públicas inspecionadas no país foram considerados ótimos/bons.
Entre as concessionadas, apesar do pedágio, foram considerados ótimos/bons 87,3% dos 14.500 km avaliados pela CNT.
Flávio Benatti, presidente da seção de cargas da CNT, estima em R$ 400 bilhões o custo de centenas de projetos na área para atualizar as redes rodoviária, ferroviária, marítima, pluvial e aérea.
"Obviamente, não existe outra solução que não passe pelas concessões."

INVESTIMENTO
Nos governos Lula e FHC, a União fez sozinha investimentos mínimos na área de infraestrutura.
Na média dos dois governos, os aportes foram equivalentes a 0,7% do PIB, apesar de ambos terem aumentado a carga tributária, em quatro pontos percentuais cada um.
A maior parte da receita adicional foi para gastos correntes, como pessoal.
Já o governo Dilma começa com a necessidade de cortes no Orçamento. Com o gasto corrente engessado, a tesoura deve acabar se voltando para os investimentos.
"O incrível é que, mesmo com a falta de dinheiro público, a questão das concessões ainda gere polêmica no Brasil", afirma Josef Barat, ex-secretário de Transportes do Rio e consultor na área.
Barat questiona, porém, o modelo que Dilma parece querer adotar.
"É a lógica brasileira do "puxadinho". A iniciativa privada faz um pedaço, mas a gestão fica com o Estado [no caso, a Infraero]. O mesmo ocorre nos portos, em que há terminais privados sob uma gestão pública ineficiente."


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