São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

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"Torturamos os números e eles confessaram"

DE SÃO PAULO

No lugar de passar a limpo as fraudes nas contas do PanAmericano, os novos gestores preferiram apagar o passado e começar do zero a contabilidade do banco.
Fizeram uma espécie de "inventário", procedimento utilizado em sucessões, de tudo o que o banco tinha de valor (empréstimos, bens, aplicações, dinheiro em caixa etc.) e descontaram o que devia aos clientes e ao mercado (depósitos, CDBs de investidores, empréstimos, pagamento de fornecedores etc.).
Foi a primeira vez que os contadores viram algo dessa natureza no setor bancário.
Como consequência, não será mais possível comparar os resultados atuais com os de antes do escândalo.
"Como vamos comparar algo não confiável com algo confiável? Seria um desserviço. Geramos um balanço patrimonial de abertura. Não tinha outro jeito", disse Celso Antunes da Costa, diretor-superintendente do banco.
O banco publicou o balanço do terceiro trimestre, feito pela equipe afastada, mas afirmou com todas as letras que "não se responsabiliza" pela veracidade dos dados.
No inventário, os gestores descobriram um rombo maior -de R$ 2,3 bilhões saltou a R$ 4,3 bilhões- que o desenquadrava das regras brasileiras que obrigam a possuir R$ 11 próprios para cada R$ 100 emprestados (índice de Basileia).
Com o rombo, esse índice desceu para 5,74% (dezembro) e 3,12% (novembro).
Para não ser liquidado, o banco precisou de um aporte adicional de R$ 1,3 bilhão e ainda teve que "contabilizar" um crédito tributário de R$ 700 milhões em impostos que não serão pagos.
"Torturamos os números e eles confessaram tudo. Não acredito que o rombo possa ser mais que R$ 4,3 bilhões."


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