São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Aluguel sobe mais que inflação e tem maior alta em 14 anos

Reajuste foi de 10,16% nos 12 meses encerrados em maio, ante 6,55% do IPCA acumulado

Baixa oferta e aumento da renda, que deixa o cliente disposto a gastar mais, são apontados como causa da variação


PEDRO SOARES
DO RIO

Com menos imóveis disponíveis para locação e o avanço do rendimento dos consumidores -dispostos a gastar mais com moradia-, os aluguéis residenciais sofrem, em 2011, o maior reajuste dos últimos 14 anos.
O custo do aluguel subiu 10,16% nos últimos 12 meses encerrados em maio. Trata-se da maior alta desde 1997, ainda nos primeiros anos do real, quando os preços dos contratos de locação ainda subiam com força e recuperavam a defasagem do período de hiperinflação.
Coletados pelo IBGE, os dados são do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O índice acumula inflação de 6,55% em 12 meses, inferior à taxa dos aluguéis.
Para Hilton Pecorari Baptista, diretor do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), há "uma carência muito grande de imóveis", apesar do "boom" de construção de nos últimos anos.
O problema, diz, concentra-se nos imóveis menores (um ou dois quartos), cada vez mais procurados, segundo Baptista, por "recém-casados, descasados, solteiros e estudantes", que não juntaram ainda renda suficiente para a aquisição da casa própria ou precisam de moradia por um período limitado.
Com a oferta restrita, afirma, muitos locatários aceitam renegociar contratos com valores mais altos para ficar onde está.
"Se deixar o imóvel, o inquilino sabe que vai gastar em um novo aluguel."
O Secovi-SP apurou alta de 16,74% nos novos contratos na capital paulista nos últimos 12 meses terminados em maio -maior reajuste desde 2006.
Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços ao Consumidor do IBGE, o crescimento da renda das famílias nos últimos anos também permite reajustes mais salgados.
As pessoas, diz ela, passaram a procurar imóveis melhores, mais próximos do local de trabalho e mais amplos. "Casas e apartamentos com essas características custam mais e elevam a despesa com locação."
Um sinal desse movimento, diz, é a alta generalizada dos aluguéis: das 11 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas, apenas em Salvador os contratos subiram menos do que a inflação.
Outro fator de pressão é a inflação mais alta em 2010. No ano passado, o IGP-M, índice que corrige anualmente a maioria dos contratos, subiu 11,32%. Em 2009, a variação havia sido negativa (-1,72%). Mesmo assim, os aluguéis aumentaram 5,20% em 2009 na esteira do aquecimento do mercado.
Neste ano, os condomínios também subiram acima da inflação: 7,91% em 12 meses até maio. Os motivos do aumento são custos mais altos de mão de obra e reajuste de serviços públicos, como água e energia.


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