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Mercado discute alta de juros em 2011
Divergências entre economistas sobre inflação levam a apostas que vão de alta dos juros de 13% a queda de 10%
Importados baratos em alta demanda, menor preço de alimentos e desaceleração recente controlaram inflação
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Embora a média do mercado financeiro tenha ignorado
a mensagem do Banco Central de que o atual nível de juros é suficiente para manter a
inflação no centro da meta de
4,5%, há divergência grande
entre economistas para o cenário no ano que vem.
Os juros dos contratos futuros para janeiro de 2012 ficaram estáveis em 11,3% desde a divulgação da ata da
mais recente reunião do BC,
no dia 9. Já as expectativas
capturadas pelo relatório Focus subiram de 11,5% para
11,75%. A Selic (taxa básica
de juros) está em 10,75%.
Mas essas projeções médias escondem uma dispersão grande. Entre economistas-chefes respeitados de
grandes bancos, há quem
vislumbre aperto monetário
bem mais forte pela frente e
quem espere corte da Selic já
no ano que vem.
Alexandre Schwartsman,
ex-diretor do BC e economista-chefe do Santander, projeta, por exemplo, uma Selic de
13% no fim de 2011.
Já Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse,
antes mesmo da divulgação
da última ata do BC trabalhava com cenário de queda da
Selic, no segundo semestre
de 2011, para 10%. E diz haver probabilidade não desprezível de que o afrouxamento da política monetária
comece até antes, no primeiro semestre do próximo ano.
Outros economistas seguem o BC e apostam em estabilidade da Selic em 2011.
Com mais de um ano pela
frente, impossível saber
quem acertará. Fazer projeção econômica já é exercício
árduo. No caso da inflação,
fatores imprevisíveis, como
mudanças meteorológicas
bruscas, podem ter forte impacto nos preços.
Ainda assim o debate sobre os possíveis rumos da inflação no Brasil tem ganhado
força entre economistas e autoridades porque envolve
questões relevantes. Entre
elas, a possível existência de
um descompasso entre oferta e demanda na economia,
alimentada por uma política
fiscal expansionista, e a credibilidade do BC.
INFLAÇÃO
O rumo indefinido da inflação neste ano contribuiu
ainda mais para esquentar a
discussão. A variação do
IPCA (principal índice de inflação ao consumidor) em
três meses saiu de 2,06% em
março deste ano -percentual mais alto desde julho de
2008- para 0,05% em agosto passado (número mais
baixo desde agosto de 2006).
Fatores como menores
preços dos alimentos, produtos importados mais baratos
(em um momento em que a
demanda brasileira por bens
de fora é enorme e a desaceleração da economia) no segundo trimestre parecem ter
contribuído para esse forte
recuo da inflação.
Mas falta consenso entre
economistas em relação à
contribuição de cada um desses fatores para a trajetória
recente da inflação. O BC afirmou em sua última ata que a
taxa de juros necessária para
manter a inflação próxima ao
centro da meta é menor hoje
do que no passado.
Isso aumentou a complexidade do debate porque esse suposto ganho de eficiência da política monetária é difícil de medir.
Divergências entre economistas à parte, a veemência
do BC ao passar essa mensagem provocou uma leitura
unânime de que, para a autoridade monetária, os juros
devem permanecer estáveis
por um bom tempo.
"Por ter sido muito assertivo, se o Banco Central estiver
errado, vai custar um pouco
mais caro e a sua credibilidade poderá sair arranhada. Se
ele estiver certo, terá ensinado uma lição para o mercado", diz Schwartsman.
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