São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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Voz divergente, economista do Credit aposta em redução de juros

Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, acredita em Selic de 10% no 2º semestre de 2011

"É difícil imaginar que a autoridade monetária aumente juros quando a taxa de inflação está em declínio", diz Teixeira


ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, é minoria no mercado financeiro e acredita em redução de 0,75 ponto percentual da Selic para 10% no segundo semestre de 2011.
Para ele, fatores como reajuste menor do salário mínimo e crescimento modesto da economia global ajudarão a manter a inflação perto da meta de 4,5%.

Folha - O que tem mantido a inflação em patamares tão baixos recentemente?
Nilson Teixeira
- Desde o início do ano, nós temos argumentado que uma parte muito importante da aceleração da inflação que se observou naquele período foi causada pelo aumento muito forte nos preços dos alimentos. Como era um fenômeno muito relacionado a preços de alimentação, nós já esperávamos que haveria uma reversão importante, que é o que vem ocorrendo.

O que poderá levar a um corte da Selic em 2011?
O mercado trabalha com aumento de juros no início do ano que vem. Mas é interessante que, quando abrimos as expectativas do mercado mês a mês para o IPCA, a inflação que chegaria a 4,9% no fim deste ano começa a recuar, chega a 4,4% no fim do primeiro trimestre e fica em torno de 4,2% e 4,5%.
O mercado está vendo que o Banco Central poderia elevar os juros mesmo em um contexto em que a inflação acumulada fica em torno ou até abaixo da meta.
A inflação corrente tem um papel muito importante na definição dos cenários, porque, quando olhamos para a frente, há uma grande incerteza. Por isso, é difícil que a autoridade monetária aumente juros quando a inflação está em declínio.
Tanto nossas projeções como as do mercado supõem crescimento em linha com o potencial da economia, sem geração de desequilíbrios que levem à inflação.

Como a inflação deve se comportar em 2011?
Assumindo que não haverá choques de oferta, não há razão para esperar aumentos importantes vindos do grupo de alimentos e bebidas. Quando a gente olha para questões de demanda, também não vemos razões para prever aumentos expressivos de preços industriais, dado o nosso cenário de que a economia global estará crescendo de forma gradual.
É difícil trabalhar com a hipótese de aumentos expressivos de preços administrados. Já a inflação de serviços está acima do centro da meta mas é um comportamento que não ocorre só no Brasil e se repete há vários anos. Quando olhamos 2010, não houve aceleração expressiva da inflação de serviços.
Dado nosso cenário de que o aumento do salário mínimo em 2011 será bem menor que o visto neste ano, a pressão vinda daí para a inflação também será menor.


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