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Voz divergente, economista do Credit aposta em redução de juros
Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, acredita em Selic de 10% no 2º semestre de 2011
"É difícil imaginar que a autoridade monetária aumente juros quando a taxa de inflação está em declínio", diz Teixeira
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, é
minoria no mercado financeiro e acredita em redução
de 0,75 ponto percentual da
Selic para 10% no segundo
semestre de 2011.
Para ele, fatores como reajuste menor do salário mínimo e crescimento modesto
da economia global ajudarão
a manter a inflação perto da
meta de 4,5%.
Folha - O que tem mantido a
inflação em patamares tão
baixos recentemente?
Nilson Teixeira - Desde o
início do ano, nós temos argumentado que uma parte
muito importante da aceleração da inflação que se observou naquele período foi causada pelo aumento muito
forte nos preços dos alimentos. Como era um fenômeno
muito relacionado a preços
de alimentação, nós já esperávamos que haveria uma reversão importante, que é o
que vem ocorrendo.
O que poderá levar a um corte
da Selic em 2011?
O mercado trabalha com
aumento de juros no início
do ano que vem. Mas é interessante que, quando abrimos as expectativas do mercado mês a mês para o IPCA,
a inflação que chegaria a
4,9% no fim deste ano começa a recuar, chega a 4,4% no
fim do primeiro trimestre e fica em torno de 4,2% e 4,5%.
O mercado está vendo que
o Banco Central poderia elevar os juros mesmo em um
contexto em que a inflação
acumulada fica em torno ou
até abaixo da meta.
A inflação corrente tem
um papel muito importante
na definição dos cenários,
porque, quando olhamos para a frente, há uma grande incerteza. Por isso, é difícil que
a autoridade monetária aumente juros quando a inflação está em declínio.
Tanto nossas projeções como as do mercado supõem
crescimento em linha com o
potencial da economia, sem
geração de desequilíbrios
que levem à inflação.
Como a inflação deve se comportar em 2011?
Assumindo que não haverá choques de oferta, não há
razão para esperar aumentos
importantes vindos do grupo
de alimentos e bebidas.
Quando a gente olha para
questões de demanda, também não vemos razões para
prever aumentos expressivos
de preços industriais, dado o
nosso cenário de que a economia global estará crescendo de forma gradual.
É difícil trabalhar com a hipótese de aumentos expressivos de preços administrados. Já a inflação de serviços
está acima do centro da meta
mas é um comportamento
que não ocorre só no Brasil e
se repete há vários anos.
Quando olhamos 2010, não
houve aceleração expressiva
da inflação de serviços.
Dado nosso cenário de que
o aumento do salário mínimo
em 2011 será bem menor que
o visto neste ano, a pressão
vinda daí para a inflação
também será menor.
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