São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2011

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ANÁLISE CITROS

Citricultores devem ser cautelosos em 2011

MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Apesar da recente recuperação nos preços, os citricultores devem manter a cautela em 2011, que deve ser um ano marcado por aumento da oferta de suco de laranja e demanda enfraquecida.
Para uma projeção mais precisa, é preciso, antes de mais nada, analisar 2010.
Em dezembro, o mercado contava com preços referenciais importantes: o suco concentrado na Bolsa de Nova York para primeiro vencimento era cotado na faixa de 170 centavos de dólar por libra-peso; no mercado físico, em Rotterdã, a US$ 2.500 por tonelada.
No Brasil, os produtores receberam, em dezembro de 2010, R$ 15,66 pela fruta posta na fábrica, em média, ou R$ 20,15 pela fruta na fazenda com destino ao mercado interno, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Se comparado ao mesmo mês de 2009, a cotação na Bolsa de Nova York apresentou aumento de 30% em dezembro. No mercado físico, a alta foi de 61% e, para os preços pagos ao produtor em São Paulo, a valorização foi de 125% -tanto para fruta de mesa como para a indústria.
É um grande avanço em relação a 2009. Mas o que ocorreu com o mercado para haver tamanha mudança? Por que houve aumento de preço de suco e de matéria-prima?
O primeiro e principal fator foi a baixa oferta de frutas, tanto da Flórida (segunda maior região produtora do mundo) quanto do Brasil, principalmente São Paulo, líder em produção global.
A Flórida produziu 133 milhões de caixas (de 40,8 quilos), enquanto São Paulo e o Triângulo Mineiro, juntos, 280 milhões de caixas. Somadas às safras passadas, contaram-se 413 milhões de caixas, o menor resultado dos últimos 19 ou 20 anos.
O segundo fator foi a estocagem. Como as duas safras anteriores também foram pequenas, os estoques de suco no mundo diminuíram.
O terceiro fator foi, sem dúvida, a força do mercado interno brasileiro. Não que o volume comercializado tenha crescido tanto, mas hoje o consumidor brasileiro tem mais poder aquisitivo, para, se desejar, pagar mais pela fruta que quer.
Ao longo de 2010, o preço da laranja subiu e a demanda não caiu. Houve uma forte queda de braço entre a indústria e o mercado interno -briga saudável para o produtor, pois o preço da laranja se manteve em alta.
O cenário foi o oposto ao de anos de safra volumosa, nos quais a indústria disponibilizava um volume maior de frutas para o mercado interno, provocando a queda de preços.
Para 2011, o quadro será diferente. A safra de São Paulo e do Triângulo Mineiro será maior do que a anterior. É cedo para fazer previsão, mas já se fala de 15% a 20% maior que a safra passada.
Na Flórida, a safra deve superar em 7 a 10 milhões de caixas a anterior, apresentando uma melhora significativa de oferta e uma tendência de aumento dos estoques. Mas, infelizmente, a demanda por suco de laranja no mundo ainda mostra sinais fracos de recuperação.
Assim, a indústria brasileira não deve ter condições para melhorar ou mesmo manter o preço da matéria-prima.
Por isso, recomenda-se cautela. Se preços melhores vierem, quebrando a previsão deste analista, melhor.
Senão, a cautela será a melhor companheira.


MAURÍCIO MENDES é CEO da AgraFNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.


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