São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fusões e aquisições turbinam advocacia

Receita dos maiores escritórios cresce até 20% em 2010; atuação internacional e "direito digital" demandam reforços

Participação de grupos internacionais em negociações cresce, o que exige de advogados conhecimento amplo

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Com operações empresariais cada vez mais sofisticadas no Brasil, no embalo da expansão econômica, um segmento pouco comentado ganha um impulso e tanto: o da advocacia corporativa.
O maior escritório "full-service" (com atendimento em várias áreas) do país, o Siqueira Castro, teve aumento de 20% da receita em 2010.
Advogados desse ramo não só acompanham processos e fazem consultoria para seus clientes mas também estruturam operações como fusões e aquisições e lançamentos de ações em Bolsa de Valores.
Do faturamento total do Siqueira Castro, cujo valor não foi revelado, 15% vêm hoje do segmento de fusões e aquisições, que começou a ser mais desenvolvido pelo escritório a partir da segunda metade dos anos 2000.
"E é nessa área que pretendemos reforçar o time em 2011 e 2012", diz Carlos Fernando Siqueira Castro, sócio-presidente do escritório, que possui cerca de 2.000 empresas clientes.
Muitas vezes, as demandas envolvem companhias estrangeiras -que podem, por exemplo, estar na mira para serem compradas por grupos brasileiros ou ter interesse em adquirir ativos aqui.
São situações que têm modificado o perfil dos escritórios e dos profissionais.
Com 509 advogados, sendo 58 sócios hoje, o Siqueira Castro tem 35% da receita originada por estrangeiros ou por empresas brasileiras com negócios fora do Brasil. No final dos anos 1990, eram menos de 5%.
O escritório faz parte de uma rede de advocacia internacional, a Advoc, sediada no Reino Unido e presente em 110 países. E tem parceria exclusiva com um grupo na França e unidades próprias em Portugal e Angola, com profissionais desses locais.
Aos advogados brasileiros só é permitido lidar com a parte das operações que envolve a legislação doméstica.
"Não passa uma semana sem que indiquemos, a parceiros no exterior, empresas interessadas em investir fora do país", diz Castro.
"No passado, éramos nós que recebíamos serviço do exterior", completa.

MAIS QUALIFICAÇÃO
Já o Pinheiro Neto, que possui cerca de 370 advogados atualmente, sendo 73 sócios, tem crescido "no ritmo do PIB" (Produto Interno Bruto), diz Alexandre Bertoldi, sócio-gestor do escritório, que tem 9.000 empresas clientes ativas.
"Privilegiamos o crescimento orgânico", completa.
De acordo com Bertoldi, a maior sofisticação das operações exige mais qualificação dos advogados.
"Os profissionais, agora, levam de três a quatro anos para pegar casos maiores. No passado, não se levava menos de dez anos", diz.
"É indispensável ao advogado hoje falar língua estrangeira e ter vivência internacional, conhecer outras culturas", acrescenta.
O Machado, Meyer, Sendacz e Opice, com 280 advogados hoje, sendo 40 sócios, tem cerca de 40% da receita (o valor não foi revelado) gerada a partir de operações de fusão e aquisição. O escritório também não informa o número de clientes.
"Temos um mercado amadurecido e esperamos que cresça ainda mais", diz Nei Zelmanovits, sócio-diretor.


Texto Anterior: Cotações/Ontem
Próximo Texto: Crescem direito digital e escritórios médios
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.