São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011

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É preciso pressão para derrubar tarifas, diz entidade do etanol

Brasil deveria aproveitar visita de Obama para retomar esse debate, afirma presidente da Unica

Marcos Jank afirma que Brasil não tem condição de atender a demanda dos EUA e fala em novo ciclo de investimentos

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A última visita de um presidente americano ao Brasil, em 2007, terminou com a assinatura de um acordo de co-operação na área de etanol. Mas houve pouco avanço.
A descoberta do pré-sal mudou o paradigma do setor de energia no Brasil, e Barack Obama chega ao país de olho no petróleo nacional.
Ante a morosidade na abertura de mercado ao etanol, Marcos Jank, presidente da Unica (associação do setor), disse à Folha que, "para que a tarifa caia, tem de haver pressão".

 


Agenda
O etanol está na pauta entre Brasil e EUA desde 2007. Eu até acho que o etanol está mais na pauta do que o petróleo, porque já existe um memorando claro entre os dois países que precisa de continuidade. Ele precisa avançar no tema da tarifa. Isso é muito importante, porque já foi criada abertura ao Brasil.
Os EUA reconheceram o etanol de cana como combustível avançado (reduz a emissão de gases de efeito estufa em mais de 60%). Vamos pedir ao Obama que nos ajude a fazer com que essa tarifa caia.

Potencial
Os EUA têm um programa ambicioso para o etanol, que é a mistura de 15% à gasolina em 2022 (hoje a mistura é de 10%). Isso vai dar cerca de 140 bilhões de litros de consumo. É mais do que quatro vezes a produção brasileira.
Desse total, 60 bilhões serão de etanol de milho. Todo o resto foi alocado para os biocombustíveis avançados, que é o tal do etanol celulósico -que todo mundo fala, mas que não existe comercialmente- e a cana.
Portanto, já existe a chance de que a cana entre na fatia do mercado onde o milho não pode entrar. O que está impedindo isso? É a tarifa.

Obama
A tarifa muitas vezes não é assunto do Executivo, e sim do Legislativo. Então mesmo que o Obama dissesse que ele é favor (ao etanol brasileiro) -e ele já disse várias vezes, embora nunca se posicione claramente porque ele vem de Iowa e tem lá o lado agrícola- no Legislativo existe bastante dificuldade.
Mas o Executivo americano é a favor, até porque as importações ajudariam a reduzir as emissões, a dependência do petróleo e o custo da gasolina na bomba. Também porque o etanol de milho custa US$ 6 bilhões por ano aos cofres públicos nos EUA.

Pressão
Para que a tarifa caia, tem de haver pressão. E essa pressão pode ser feita pelo governo, como a gente espera que seja tratado pela presidente Dilma, ou estamos dispostos a ir à OMC e questionar.

Oferta
Não vai ter etanol no curtíssimo prazo para atender o mercado americano. Agora, se tiver uma sinalização de que a tarifa pode cair, temos condições de fazer o setor crescer.
Nos últimos dois anos, a indústria cresceu só 3% ao ano. Com a crise de 2008, 30% do setor quase quebrou. Não tem cana nova. Conversamos com o governo sobre um novo ciclo de investimentos.


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