São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

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Investidores "punem" ações da Petrobras

Na contramão de grandes petroleiras, papéis da estatal caem em meio a dúvidas sobre desempenho e ingerência política

Papéis negociados nos EUA recuam 1,4% desde novembro, ante alta de 21,4% de índice de empresas de energia

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

O mau humor dos investidores em relação à Petrobras tem feito as ações da empresa apresentar desempenho muito pior que os papéis das grandes petroleiras de fora.
Desde o início de novembro de 2010 -quando o preço do petróleo começou a decolar-, as ações das principais empresas de energia da América do Norte, representadas pelo índice IXE, registram alta de 21,4%.
Na contramão dessa tendência, os papéis da Petrobras negociados nos EUA (American Depositary Receipts, ADRs) acumulam queda de 1,4%. Já as ações ordinárias da empresa recuaram 7,1% no Brasil (até quinta), no mesmo período.
A Petrobras informou que não se pronunciaria sobre a evolução de suas ações.
Investidores começaram a fugir das ações da Petrobras no fim de 2009, quando foi anunciado que seria feita operação para aumentar o capital da empresa (e, com isso, recursos disponíveis para investimentos) por meio da emissão de novas ações.

CAPITALIZAÇÃO
Para acionistas minoritários de uma empresa, operações de capitalização podem significar uma redução no percentual de participação que possuem. A capitalização da Petrobras que ocorreu em setembro de 2010 resultou em aumento da participação do governo -acionista majoritário da empresa- de 39,8% para 48,3%.
Para o mercado, a forma tortuosa como o processo de capitalização foi conduzido e o aumento do peso estatal na empresa elevaram o risco de maior ingerência do governo na Petrobras.
Embora a Petrobras tenha levantado R$ 120,2 bilhões no processo de capitalização, acionistas temem que nova injeção de recursos seja necessária, para dar conta dos investimentos do pré-sal.
Esse temor ajuda a alimentar o desempenho negativo das ações da Petrobras, apesar do anúncio de notícias recentes positivas em relação às perspectivas do pré-sal, como redução no prazo médio de perfuração de poços, o que contribui para redução dos custos previstos.
Mas a lista de ressalvas de investidores não se limita ao risco de uma nova capitalização, o que tem contribuído para "anular" o efeito das notícias positivas.

PRODUÇÃO
Segundo analistas ouvidos pela Folha, repetidas frustrações em relação ao aumento de produção da empresa também preocupam.
Entre janeiro e maio, a empresa produziu em média 2,027 milhões de barris por dia, aumento de só 1,3% ante o mesmo período de 2010.
Isso leva a apostas de que a empresa não atingirá a projeção de produzir uma média de 2,1 milhões de barris por dia (com possível variação de 2,5% para mais ou para menos) em 2011 como um todo.
Especialistas que acompanham a evolução dos negócios da Petrobras duvidam que a empresa consiga cumprir essa meta.
O analista de um banco ressalta que o fato de a Petrobras não reajustar automaticamente a gasolina quando o petróleo sobe também desagrada ao investidor.
A gasolina hoje no Brasil (vendida nas refinarias, descontados os impostos) tem valor 18% inferior ao praticado nos EUA. O argumento da empresa é que não reajusta os preços do diesel e da gasolina seguindo movimentos pontuais do preço internacional do petróleo.


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