São Paulo, domingo, 18 de julho de 2010

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ANÁLISE

Novas mídias exigem integração e mais investimento no país

Ideias de mobilidade, portabilidade, interatividade e ultravelocidade impõem desafios às telecomunicações

JUAREZ QUADROS DO NASCIMENTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O cenário que desponta no setor de telecomunicações envolve redes sociais, vídeo, entretenimento, localização e propaganda via celular (mobile marketing), com a tendência de que tudo isso se misture cada vez mais. Consultorias estimam que as indústrias de entretenimento e mídia vivem um momento ímpar, em que há considerável aumento de produção de conteúdo digital que gera elevação da audiência.
O acesso à internet em qualquer ambiente (residências, local de trabalho, escolas, lan houses, bibliotecas e telecentros) chegou a 67 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2009, considerando os brasileiros de 16 anos ou mais de idade, de acordo com o Ibope.
Na disputa eleitoral que se inicia no Brasil, os candidatos já estão autorizados a pedir votos e doações pela rede e a fazerem mobilização.
Nesse contexto, as operadoras de telecomunicações vêm perdendo o controle sobre o que experimenta o usuário com a popularização das novas formas de comunicação, com integração das redes, mobilidade, portabilidade, interatividade e ultravelocidades de transmissão de dados.
A maior penetração da banda larga induz o acesso fixo com ultravelocidade e a popularização do "smartphone" (telefone inteligente) juntamente com as adições das redes sem fio de terceira geração (3G) e quarta geração (4G), com acesso móvel à internet.
Os telefones inteligentes, se comparados aos terminais mais simples, permitem dezenas de vezes mais transmissão de dados. E, quando conectados em laptops ou netbooks, permitem centenas de vezes mais.

INVESTIMENTOS
Tudo isso ocasiona o inevitável crescimento do tráfego de dados nas redes. O que, por sua vez, requer investimentos significativos para poder aumentar a capacidade da rede, adequando-a para o atendimento da fabulosa gama de novos serviços.
Entre 1998 e 2009, as operadoras investiram no Brasil R$ 177 bilhões em infraestrutura de telecomunicações e R$ 37 bilhões em licenças para exploração dos serviços.
A partir de 2008, os investimentos se acentuaram em banda larga pelas operadoras de telefonia fixa e em "backhaul" [central de rede em um município] e tecnologia 3G pelas de telefonia móvel. Para 2010, são esperados R$ 17 bilhões no setor. E as empresas de internet, quanto investem?
Ao mesmo tempo, empresas de internet como Google e Yahoo! conquistam espaço.
Ao que se opõem as operadoras de telecomunicações, que, obrigadas a altos investimentos, descartam a condição de se tornarem simplesmente uma rede de dutos para o tráfego de dados. Elas têm ao seu dispor todo o controle dos grandes sistemas de faturamento e cobrança, assim como um sistema inteligente de informações das bases de seus clientes. E assim investem, para muito além do telefone.

JUAREZ QUADROS DO NASCIMENTO é sócio da Órion Consultores Associados e ex-ministro das Comunicações.


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