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Lucros têm forte alta no 3º trimestre
Levantamento da Economatica mostra que ganho líquido de 226 empresas subiu quase 50% em relação a 2009
Resultados foram influenciados pela recuperação da demanda doméstica e pela queda do dólar
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
O terceiro trimestre foi
muito positivo para a maioria
das empresas abertas brasileiras, que tiveram aumento
de receita e de lucro e queda
nas despesas financeiras, revela levantamento da Economatica feito para a Folha.
A recuperação da demanda doméstica de alguns setores exportadores e a queda
do dólar (que diminui os gastos com dívidas na moeda
americana) explicam os resultados.
O lucro líquido de 226 empresas com ações listadas na
Bolsa somou R$ 39 bilhões
entre julho e setembro -alta
de 48,8% em relação ao mesmo período de 2009.
Essa variação foi muito influenciada pelo aumento do
lucro da Vale, que cresceu
251%, para R$ 10,5 bilhões,
devido à alta do preço e das
vendas de minério de ferro.
Mas, mesmo excluindo os
desempenhos da Vale e da
Petrobras (alta de 17,3%, para R$ 8,5 bilhões), os resultados foram bastante positivos,
diz o presidente da Economatica, Fernando Exel.
O lucro líquido das outras
224 empresas cresceu 25%,
para R$ 19,8 bilhões. O levantamento foi feito com base
nos resultados divulgados
até as 15h de anteontem.
Em ambos os casos, o aumento do lucro líquido superou o da receita. Uma das
causas é a queda das despesas financeiras, ou seja, com
o pagamento de dívidas e juros (ver quadro ao lado).
"A cotação do dólar caiu
5,9% no trimestre passado. É
um presente que caiu no colo
das empresas", explicou.
Apesar disso, o endividamento bruto das 226 companhias aumentou 14,9%, para
R$ 523 bilhões. Exel considera isso um bom sinal.
"Mostra que as empresas
estão otimistas e contraíram
novas dívidas para poder investir mais", observou.
SIDERÚRGICAS
Entre dez setores listados
pela Economatica, o único
que teve menor lucro líquido
no terceiro trimestre de 2010
ante 2009 foi o de siderurgia
e metalurgia (22,7%, para R$
1,4 bilhão). Quem mais contribuiu para o recuo foi a
CSN, cujo lucro caiu 37,4%,
para R$ 720 milhões.
Os dados da Usiminas, cujo lucro cresceu 14%, para R$
495 milhões, não foram incluídos porque estavam incompletos no site da Bovespa, explicou a Economatica.
Segundo Pedro Galdi, analista da SLW, a fraca demanda da indústria mundial, a
maior competição com o aço
importado e o aumento dos
preços do minério, do carvão
e da sucata afetaram o desempenho do setor.
"O preço do aço caiu, em
média, 10% em setembro no
Brasil e esse cenário se mantém. Os resultados das empresas não devem melhor
neste trimestre", afirma.
Os setores que tiveram
maior aumento de lucro foram o de transportes (73%) e
o de produção de veículos e
peças (102%), que inclui carros, máquinas agrícolas, vagões e caminhões.
Devido à particularidade
dos seus balanços, empresas
do setor financeiro não entraram no levantamento.
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