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Carta fica estocada em posto dos Correios
Usuários em quatro Estados processam estatal por não fazer entrega domiciliar e armazenar correspondências
Estatal diz que cidades têm de regularizar ruas; destinatário precisa ir a agência para ver se há correspondência
FELIPE BÄCHTOLD
DE SÃO PAULO
Os Correios vêm sendo alvo de uma série de processos
pelo país cobrando a entrega
domiciliar das cartas.
Em muitas localidades, a
empresa deixa de levar as
correspondências até os moradores e as armazena em
postos de atendimento, em
que o cidadão precisa tomar
a iniciativa de conferir se recebeu alguma delas.
A deficiência ocorre há
anos até em bairros de uma
capital: Palmas (TO).
Na mais recente ação, a
Justiça Federal em Santa Catarina mandou, no fim de outubro, a estatal normalizar as
entregas em 17 municípios
do Estado, sob pena de multa
diária de R$ 20 mil.
O juiz federal de Santa Catarina Eduardo Silva disse no
processo sobre o caso que há
"despreparo" dos Correios e
lembrou que a empresa detém a exclusividade na prestação de serviços no setor.
A Folha localizou outras
cinco ações do tipo, em diferentes Estados, como Bahia e
Rio de Janeiro.
Só em Palmas, o Ministério
Público Federal iniciou nove
procedimentos sobre o assunto, incluindo uma ação
civil pública.
No interior do Paraná, um
processo chegou a ser aberto
em 2009, mas o caso já foi resolvido.
A estatal passa por uma
crise neste ano e precisou até
de um plano de emergência
para evitar um "apagão postal" no país.
Anteontem, a Folha publicou entrevista de Pedro Bifano, um ex-diretor da empresa, que disse que a estatal
suspendeu investimentos
por estar envolvida em uma
disputa de poder.
Ele afirma que o ex-ministro das Comunicações Hélio
Costa e o ex-presidente da estatal Carlos Henrique Custódio queriam forçar a abertura
de capital da empresa. Tanto
Costa como Custódio negam
terem tido essa intenção.
FILAS
Também em Santa Catarina, a estatal foi condenada já
em segunda instância por falhas na distribuição em Joinville e agora terá que provar
que a entrega está normalizada nos bairros afetados.
Na Bahia, o Ministério Público Federal diz que filas extensas se formam em alguns
postos de atendimento.
No caso catarinense, a Justiça considerou que os locais
que armazenam a correspondência em muitas situações
não possuem sistema de segurança adequado.
Disse ainda que a Constituição estabelece que todos
os cidadãos têm direito a esse
serviço público.
Como resposta, a defesa
da estatal afirmou que a execução dos serviços da forma
exigida só seria possível se a
empresa recebesse mais verbas da União para gastos
com a contratação de empregados e para a compra de
equipamentos.
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