São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2010

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Commodities

Controle da inflação na China segura mercado de commodities

Possível política de preços interrompe aumentos devido à expectativa de queda na demanda

Mercado aguarda aumento dos juros, mas há temor de intervenção mais direta no preço dos produtos agrícolas

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O anúncio que a China deve aplicar uma política de controle de preços para conter a inflação está balançando o mercado de commodities e pode provocar novas quedas de preços.
A inflação subiu 4,4% em outubro ante o mesmo mês de 2009 por lá. O patamar é o mais alto desde 2008, quando os preços das commodities testaram suas máximas.
A alta de preços continua neste mês. Ontem, a rede McDonald's anunciou aumentos na China para compensar a alta das matérias-primas. Os reajustes foram de US$ 0,08 a US$ 0,15 -significativos diante do preço do Big Mac, que, segundo a revista "The Economist", é o mais barato do mundo (US$ 2,18 antes da mudança).
Em resposta, o gabinete chinês informou que o governo deve dar mais apoio à agricultura e acompanhar a produção de vegetais de inverno. Também tentará reduzir os custos de distribuição e diminuir os preços da energia.
Mas, como a produção doméstica não atende nem à metade do consumo chinês, o mercado aguarda medidas mais drásticas. "O mais óbvio é que eles subam os juros", diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores.
"Como os preços agrícolas estão inflados, eles vão cair. A demanda vai esfriar, mas a queda de preços vai ser muito superior à retração no consumo", acrescenta Silveira.
A dimensão da desvalorização, segundo o economista, vai depender do tamanho da fuga de capitais no mercado futuro de commodities.
Vinicius Ito, analista da corretora Newedge, em Nova York, diz que há uma realização (venda) pontual. "Parte das posições compradas no último mês -e que provocaram o mais recente rally das commodities- está sendo liquidada."
Como todas as expectativas nesse mercado foram formadas com base em uma forte demanda chinesa, dúvidas sobre o tamanho da desaceleração dessa economia fazem com que os investidores vendam seus contratos.
"Qualquer espirro da China faz com que todo mundo pegue resfriado", diz Ito.
O índice de commodities CRB da Thomson Reuters, com base no preço de diversas matérias-primas, recuou caiu 2,7% desde segunda.

INCERTEZA
Apesar de o mercado esperar a alta dos juros para desacelerar a economia e, assim, conter a inflação, há o temor de uma intervenção mais direta do governo nos preços.
"O controle de preços é totalmente fora do livre mercado e pode isolar a China do mercado mundial", afirma o analista da Newedge.
Ele acredita na possibilidade de o governo chinês subsidiar as importações, assumindo a diferença entre os preços externos e os internos, que passariam a ser controlados. Mas, nesse caso, o país pode criar um problema fiscal, pois resultaria em aumento dos gastos públicos.
"Como o governo foi vago, estamos construindo diversos cenários de preço a partir das possibilidades", diz. E enquanto persistirem as especulações, a volatilidade deve permanecer.


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