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Commodities
Controle da inflação na China segura mercado de commodities
Possível política de preços interrompe aumentos devido à expectativa de queda na demanda
Mercado aguarda aumento dos juros, mas há temor de intervenção mais direta no preço
dos produtos agrícolas
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O anúncio que a China deve aplicar uma política de
controle de preços para conter a inflação está balançando o mercado de commodities e pode provocar novas
quedas de preços.
A inflação subiu 4,4% em
outubro ante o mesmo mês
de 2009 por lá. O patamar é o
mais alto desde 2008, quando os preços das commodities testaram suas máximas.
A alta de preços continua
neste mês. Ontem, a rede
McDonald's anunciou aumentos na China para compensar a alta das matérias-primas. Os reajustes foram
de US$ 0,08 a US$ 0,15 -significativos diante do preço
do Big Mac, que, segundo a
revista "The Economist", é o
mais barato do mundo (US$
2,18 antes da mudança).
Em resposta, o gabinete
chinês informou que o governo deve dar mais apoio à
agricultura e acompanhar a
produção de vegetais de inverno. Também tentará reduzir os custos de distribuição e
diminuir os preços da energia.
Mas, como a produção doméstica não atende nem à
metade do consumo chinês,
o mercado aguarda medidas
mais drásticas. "O mais óbvio é que eles subam os juros", diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores.
"Como os preços agrícolas
estão inflados, eles vão cair.
A demanda vai esfriar, mas a
queda de preços vai ser muito superior à retração no consumo", acrescenta Silveira.
A dimensão da desvalorização, segundo o economista, vai depender do tamanho
da fuga de capitais no mercado futuro de commodities.
Vinicius Ito, analista da
corretora Newedge, em Nova
York, diz que há uma realização (venda) pontual. "Parte
das posições compradas no
último mês -e que provocaram o mais recente rally das
commodities- está sendo liquidada."
Como todas as expectativas nesse mercado foram formadas com base em uma forte demanda chinesa, dúvidas
sobre o tamanho da desaceleração dessa economia fazem com que os investidores
vendam seus contratos.
"Qualquer espirro da China faz com que todo mundo
pegue resfriado", diz Ito.
O índice de commodities
CRB da Thomson Reuters,
com base no preço de diversas matérias-primas, recuou
caiu 2,7% desde segunda.
INCERTEZA
Apesar de o mercado esperar a alta dos juros para desacelerar a economia e, assim,
conter a inflação, há o temor
de uma intervenção mais direta do governo nos preços.
"O controle de preços é totalmente fora do livre mercado e pode isolar a China do
mercado mundial", afirma o
analista da Newedge.
Ele acredita na possibilidade de o governo chinês
subsidiar as importações, assumindo a diferença entre os
preços externos e os internos, que passariam a ser controlados. Mas, nesse caso, o
país pode criar um problema
fiscal, pois resultaria em aumento dos gastos públicos.
"Como o governo foi vago,
estamos construindo diversos cenários de preço a partir
das possibilidades", diz. E
enquanto persistirem as especulações, a volatilidade
deve permanecer.
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