São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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Com manobra estatística, governo alcança meta de emprego formal

Ministério antecipa dados que seriam divulgados em maio e fecha 2010 com 2,52 milhões de vagas

Mesmo sem antecipação de dados, resultado seria recorde histórico; ministro nega intenção de "maquiar" números

MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

Por meio de uma manobra estatística, que ampliou o total de vagas em quase 400 mil, o governo conseguiu cumprir a meta de criar 2,5 milhões de empregos com carteira assinada no ano passado, último da administração Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem aviso prévio, o Ministério do Trabalho apresentou ontem uma novidade estatística: antecipou dados que seriam divulgados em maio para, no balanço do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do fechamento de 2010, encerrar o ano com a criação de 2,52 milhões de vagas formais.
Mesmo sem a manobra o desempenho já teria sido recorde histórico, com abertura de 2,14 milhões de postos de trabalho, apesar de ficar abaixo da meta do ano.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que a antecipação de dados que seriam divulgados na Rais (Relação Anual de Informações Sociais) foi adotada a partir do anúncio do Caged de dezembro para um aprimoramento das estatísticas da pasta. Ele negou que tenha sido uma "maquiagem" para atingir a meta.
"Eu nunca disse que divulgaria o atingimento da meta em janeiro, isso poderia ser feito em qualquer momento. O governo trabalha com estatísticas sérias. Não sou um leviano. Estou acrescentando informações de contratações formais de empresas que enviam os dados com atraso e são sujeitas a multas por isso. Falar diferente é estar desinformado ou com má-fé."
Com os números, o governo Lula conseguiu superar os 15 milhões de empregos formais. Levando em conta apenas o Caged (sem a Rais), o período do governo Lula registrou a criação de 11,24 milhões de vagas -ante 797 mil vagas geradas no governo Fernando Henrique Cardoso.
A Rais, além de acrescentar as informações de contratações comunicadas com atraso, também adiciona as contratações do setor público. Os quase 400 mil postos de trabalho que apareceram na divulgação de ontem correspondem ao acumulado de janeiro a novembro.
Em dezembro, o resultado foi o fechamento de 407 mil postos de trabalho. De acordo com o ministro, esse resultado foi influenciado por fatores sazonais, como entressafras agrícolas e demissões no setor de educação.
Para este ano, Lupi voltou a prever a criação de 3 milhões de vagas de trabalho com carteira assinada. Ele sustentou que, mesmo com a redução dos gastos do governo, a geração de empregos formais não deve ser afetada.
"Os cortes que serão realizados vão envolver muito mais os gastos de custeio. Os investimentos não vão ter cortes, e são os investimentos que possibilitam a geração de empregos", afirmou.


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