São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

É difícil explicar uma mudança feita no último mês do governo

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Os números do Caged, sigla do cadastro dos empregos com carteira assinada, ganharam na propaganda oficial um peso que transcende sua relevância para a avaliação do mercado de trabalho do país.
Ainda no primeiro governo petista, os dados passaram a ser usados como resposta a críticas das oposições: não haviam sido criados os 10 milhões de empregos mencionados na campanha eleitoral de 2002, mas os resultados do Caged eram muito mais favoráveis sob Lula que sob FHC.
A partir de 2007, com a aceleração do crescimento econômico e da formalização, o Caged passou a registrar recordes sucessivos, com cifras mais fáceis de vender politicamente que os percentuais apurados pelas pesquisas mensais de desemprego feitas pelo IBGE.
As duas séries mostram clara melhora nos últimos anos, mas nenhuma fornece um retrato completo: a do IBGE se limita às seis maiores regiões metropolitanas; a do Ministério do Trabalho só contempla o emprego com carteira e não permite distinguir a criação da formalização de uma vaga.
Há justificativa técnica para as mudanças recém-introduzidas na metodologia do Caged. Mais difícil é explicar por que foram adotadas, sem aviso prévio, no último mês do ano e do governo, na medida para o cumprimento de uma meta numérica.
Prejudica-se a possibilidade de comparação de resultados -e esvazia-se o significado de objetivos que deveriam balizar as expectativas e a avaliação do desempenho das autoridades.


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