São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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Programa entrega casas fora do padrão

Moradores reclamam de infiltração, rachadura, falta de água e de rejunte e improvisam soluções para os problemas

Vizinhos têm que fazer "vaquinha" para a construção de muros; ligação ilegal ajuda com problema de energia

DE BRASÍLIA

"Essa foi a maior propaganda enganosa da minha vida", desabafa o pedreiro Márcio Menezes, 33 anos. Sentado num sofá parcialmente destruído pelo alagamento da sala num dia de chuva forte, ele fala com arrependimento do negócio.
A casa de dois quartos, avaliada em R$ 60 mil, no loteamento Parque Águas Bonitas, em Águas Lindas (GO), foi comprada com subsídio de R$ 17 mil bancado pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Sete meses depois da felicidade de deixar o aluguel, lamenta: "Quando chove, alaga e já estragou meu sofá". As paredes também estão mofadas e há "um forte cheiro de fossa dentro de casa quando chove".
A cidade é uma das que mais atraem novos construtores nos arredores de Brasília. Situada às margens da BR-070, cresceu de forma desordenada devido à exploração imobiliária.
"Eu não daria uma casa dessas para meu pior inimigo. Pensei até em vender. A única coisa boa é o terreno, que é grande", completa Menezes. Ele conta que, durante a vistoria para entrega, viu que não havia rejunte no piso do banheiro. "Avisei sobre os problemas. Falaram que iam arrumar e nunca vieram."
As vizinhas, a arrumadeira Nilda dos Santos Pereira e a dona de casa Analisa Santana da Silva, contam que, quando se mudaram, tiveram a surpresa. "Não havia água nem luz."
Com duas crianças pequenas, Analisa fez uma "vaquinha" com as vizinhas para comprar uma mangueira e puxar água de um poço artesiano próximo. "A companhia de abastecimento viu e ameaçou nos multar. Queriam até levar nossa mangueira", diz Nilda.
Rachar o prejuízo foi a alternativa para construir um muro. Eles estão comprando tijolos e vão dividir os gastos para a separação na parte dos fundos e nas laterais das casas. Para o muro da frente, cada um pagará o seu.
Falta de água e energia também foi o problema da dona de casa Cristiane Cunha de Souza, moradora do Mansões Vilage. Ela improvisou "um gato" na casa da vizinha até a situação se regularizar. "Passamos um sufoco durante três meses", diz.
No loteamento Mansões Pôr do Sol, a dona de casa Josilene Moreira diz que recebeu a casa com rachadura na sala e em um dos quartos.
"Disseram que viriam resolver e até agora, nada", reclama ela, que paga prestação de R$ 474 ao mês.
(SHEILA D'AMORIM E LARISSA GUIMARÃES)


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