São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Vale e sócios investem US$ 22 bi em quatro siderúrgicas

Primeiro empreendimento, a Companhia Siderúrgica do Atlântico foi inaugurada ontem no Rio; obra consumiu US$ 8,2 bilhões

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luíz Inácio Lula da Silva inaugurou ontem a CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro.
A usina é a primeira de uma série de quatro empreendimentos nos quais a Vale está investindo, sozinha ou em parceria, US$ 22 bilhões (R$ 39 bilhões). Na CSA foram gastos US$ 8,2 bilhões.
No auge da crise, em 2009, as obras da usina só não foram paralisadas graças a um aporte adicional de US$ 1,4 bilhão da Vale -que elevou a participação da mineradora na companhia de 10% para 27%. O controle é da alemã ThyssenKrupp, com 73%.
Após problemas para a obtenção de vistos para os trabalhadores chineses que pretendia contratar, a Thyssen resolveu "nacionalizar" boa parte do projeto da CSA.
Isso elevou o custo final de construção da siderúrgica -originalmente estimado, em 2006, em 3 bilhões, o correspondente, hoje, a cerca de US$ 3,6 bilhões.
"A Thyssen, como todas as siderúrgicas, sofria com a crise e nos chamou a participar para não postergar o empreendimento", disse à Folha o italiano Aristídes Corbellini, diretor de siderurgia da Vale.
A variação cambial também aumentou o custo do projeto, segundo Roger Agnelli, presidente da Vale.
Para o executivo, o mercado de minério de ferro está aquecido e o excesso de capacidade atual no setor siderúrgico não é problema. "O nosso planejamento é de longo prazo."

MENOS IMPORTAÇÕES
Para os quatro projetos de usinas, a Vale prevê vender 19 milhões de toneladas a mais de minério de ferro no mercado doméstico -cifra pouco inferior aos 22 milhões de toneladas de 2009.
O maior consumo doméstico reduzirá a dependência atual da mineradora das importações chinesas, que absorvem cerca de 40% da produção da Vale.
A lógica de todos os projetos, diz Corbellini, é "amarrar" sempre a construção de uma usina de placas (produto siderúrgico básico) no Brasil à laminação no exterior, feita, em geral, pelos parceiros da Vale nos empreendimentos.
É o caso da CSA, que representa quase metade da capacidade de produção da Thyssen na Europa -onde as placas serão transformadas em bobinas, chapas e outros produtos acabados.
Corbellini crê num rearranjo do setor siderúrgico global, no qual parte da fabricação de aço bruto nos Estados Unidos e na Europa vai migrar para o Brasil -realidade que começa a se concretizar com a CSA.
Fora a CSA, os projetos mais adiantados da Vale em siderurgia são a Alpa (PA) e a CSP (Ceará), ambos em fase de terraplanagem.
A única incerteza é quanto à concretização da CSU (ES), projeto para o qual a Vale ainda busca um sócio.


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