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66% dos novos viajantes são da classe C
Sete milhões de pessoas dessa fatia devem viajar de avião pela 1ª vez nos próximos 12 meses, diz pesquisa
Crescimento deve ser mais um desafio para os aeroportos brasileiros, que já enfrentam problemas de gargalo
JANAINA LAGE
DO RIO
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
Seis a cada dez brasileiros
que planejam viajar de avião
pela primeira vez nos próximos 12 meses são da classe C
(com renda de três a dez salários mínimos).
É o que mostra levantamento feito pelo instituto Data Popular com 5.000 consumidores de todo o país durante o primeiro semestre.
O crescimento da participação da nova classe média
no setor aéreo deve pressionar ainda mais a infraestrutura aeroportuária, que já enfrenta os desafios impostos
pela Copa do Mundo de 2014.
"O impacto é muito maior
que o de uma Copa", afirma
Renato Meirelles, sócio do
Data Popular, especializado
em baixa renda.
O Ministério do Turismo
estima que 600 mil estrangeiros e 3 milhões de brasileiros circularão pelo país durante a competição.
Nos próximos 12 meses,
10,7 milhões de pessoas devem fazer sua primeira viagem de avião. Do total, 7 milhões são da classe C e 1,7 milhão da classe D.
A projeção indica uma expansão mais rápida do que a
dos últimos sete anos, em
que o percentual de passageiros da classe C cresceu
29%. Apesar disso, o Brasil
ainda tem uma proporção de
passageiros entre os habitantes equivalente a 20% da média dos mercados maduros,
como EUA e Espanha.
Para Juliano Norman, superintendente de Regulação
Econômica da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil), o
mercado tem potencial para
triplicar em 15 anos, desde
que o país supere os gargalos
de infraestrutura.
Estudo feito pela consultoria McKinsey mostra que os
20 principais aeroportos já
apresentavam no ano passado algum tipo de gargalo em
pista, pátio ou terminal.
"Há gargalos no chão e no
céu, ineficiências em aeroportos e no controle de tráfego aéreo", resume Gianfranco Beting, diretor de comunicação e marketing da Azul.
NOVOS SERVIÇOS
Apesar da restrição de infraestrutura, as empresas se
dedicam a conquistar o novo
cliente com mais canais de
venda, parcelamento e material didático, após a guerra
de tarifas do ano passado.
Para Paulo Castello Branco, vice-presidente da TAM,
preço e modo de pagamento
são decisivos. A TAM passou
a vender bilhetes nas Casas
Bahia de São Paulo, parcelados a partir de R$ 20.
"Venda presencial é importante. Há um esforço para
que as pessoas se sintam à
vontade para viajar." Os destinos preferidos são o Nordeste e a América do Sul.
A Azul negocia com o Magazine Luiza a venda de passagens. A Gol planeja abrir
mais lojas do programa de
parcelamento Voe Fácil.
"Ainda há um descompasso entre o ritmo de crescimento da classe C e as iniciativas das empresas", diz o
consultor do Data Popular.
Uma das ideias que as
companhias poderiam explorar, segundo ele, é criar
vendas de bilhetes aéreos integradas com passagens de
empresas rodoviárias.
O passageiro que mora em
Feira de Santana (BA), por
exemplo, compraria o voo a
Salvador já integrado com o
ônibus para sua cidade. "O
consumidor de baixa renda
quer uma solução completa.
Como tem menos dinheiro no
bolso, é mais exigente."
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