São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010 |
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ENTREVISTA CHRIS SMITH A economia criativa gera riqueza da educação à indústria
Ex-ministro britânico diz que indústria cultural precisa de gerentes profissionais, crédito descomplicado, além de espaços comaluguéis baratos para jovens criadores
Como ministro da Cultura
no primeiro governo de Tony
Blair (1997-2001), Chris
Smith, 59, popularizou o termo "economia criativa",
dando status de indústria ao
trabalho de milhares de criadores do Reino Unido. Educação e espaço O sistema educativo deve se preocupar em desenvolver a criatividade no ensino médio e nas universidades, não só no ensino básico. As cidades precisam garantir a existência de áreas que reúnam espaços com aluguéis baratos para quem estiver começando. Velhos armazéns e fábricas, divididos em estúdios, podem ser uma bênção para jovens com vontade de começar um negócio. O mundo das finanças precisa reconhecer a importância da economia criativa e oferecer financiamento, a um nível bem modesto. Sem acesso a crédito, muitos não conseguirão decolar. Profissionalização O setor precisa ser profissionalizado. Estágios e bolsas são fundamentais para formar museólogos, gerentes, produtores -e as universidades e os colégios técnicos precisam ser parte disso. Muitos artistas são caóticos, então é bom ter administradores por perto. Eventos "maiores que a vida", como a Bienal [de São Paulo], são um grande empurrão para a economia criativa. Funcionam como grande vitrine de talento, exibindo o trabalho de gente que merece decolar e ser notada. Inspiram milhares a colocar a cultura em seu cotidiano. Doações Os museus em todo o mundo têm um problema crônico de não ter orçamento para renovar suas coleções. Vários países oferecem deduções fiscais, e os EUA estão muito à frente nessa área. Vale estudar como eles estimulam seus milionários a doar e contribuir com os museus. Mas também se deve persuadir artistas a doar seus trabalhos, em vida ou após a morte. A Tate [galeria em Londres] tem garantido doações de artistas contemporâneos, como Chris Ofili. No Reino Unido, a loteria financia a aquisição de papéis antigos, manuscritos e antiguidades. Lobby É essencial que grandes empresas e capitães da indústria e dos negócios participem e se engajem no mundo da indústria criativa. Governos vão prestar muito mais atenção a um banqueiro ou a um industrial que advogue sobre as artes do que a um artista. O ex-presidente da BP lorde John Browne virou o presidente do conselho de administração da Tate. Precisamos de mais gente assim. Dinheiro público Dinheiro público sempre será parte do sustento do mundo da arte, mas parte dela não precisa de subsídio público, como arquitetura, publicidade, design, música e cinema comerciais. O ideal é financiar a indústria criativa de forma variada: dinheiro público e privado, mais filantropia e venda de ingressos e produtos. Em tempos de cortes no orçamento, ter fundos variados é mais seguro. Frivolidade Sempre haverá críticas de que investimentos em arte são frívolos para um governo. Temos que responder enfatizando a enorme oportunidade econômica gerada por um setor criativo forte. A cultura deve ser incentivada não só pelo valor estético, que é importantíssimo, mas também pela contribuição ao PIB. A indústria criativa representa 7% do PIB britânico e cresce mais do que o restante da economia. Texto Anterior: Antônio Palocci: Empresa e desenvolvimento Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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