São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2011

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Tecnologia sofre com evasão universitária

De 174 mil alunos de faculdades da área, 87% deixam carreira; até 2014 faltarão 45 mil analistas e programadores

Concorrência entre empresas por analistas provoca diferença salarial de até 80% em oito Estados brasileiros

CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

A alta evasão de cursos de graduação deverá contribuir para o apagão de mão de obra de 45 mil profissionais nas carreiras básicas de tecnologia até 2014 nas principais regiões do país.
A conclusão é do mapa da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) em oito Estados: Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Dos 174.161 matriculados nas principais carreiras do setor -como programadores ou analistas de sistemas-, 87% abandonam os cursos. Atualmente o número de formados por ano na região analisada está em 22.895, segundo a pesquisa antecipada à Folha.
"Além do conhecido deficit de engenheiros, faltam profissionais até para escrever código. O setor vive uma situação crítica", afirma Sérgio Sgobbi, diretor de educação da Brasscom.
Os profissionais mais procurados pelas empresas atualmente são os analistas de desenvolvimento de sistemas, os analistas de suporte e também os programadores.
O cenário deve piorar até 2014, quando serão formados nos oito Estados avaliados 33.625 trabalhadores em tecnologia, ante 78.530 vagas abertas.
Considerando o deficit de engenheiros, faltarão 200 mil profissionais para o setor nos próximos três anos. Segundo Sgobbi, a retenção dos alunos nas universidades esbarra em dois principais problemas, a seleção no vestibular e até mesmo o assédio corporativo por estudantes dessas carreiras.
"Em muitas faculdades, especialmente particulares, o processo seletivo é raso, e muitos não gostam do curso e acabam desistindo logo no início", diz.
Contribuem também para a evasão os estudantes que trancam a matrícula por conseguir emprego rapidamente e preferir a experiência profissional.

TALENTOS
A competição empresarial por talentos tem gerado distorções salariais e na forma de contratação dos profissionais em diferentes regiões.
Para o cargo de analista de sistemas, as variações salariais entre os Estados chega a ser de 80%. Enquanto a remuneração média no Paraná para profissionais em início de carreira é de R$ 2.208, no Distrito Federal, puxado pelos projetos de governo, chega a R$ 3.980.
"Muitas empresas têm contratado programadores como analistas de sistemas para valorizar a carreira e elevar os salários, evitando o assédio da concorrência", afirma. Hoje a média salarial nacional de um programador é de R$ 1.636, ante R$ 2.772 de um analista de sistemas.


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