São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2011

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GUSTAVO CERBASI

O momento dos consórcios


Consórcios são uma ótima opção enquanto os juros estiverem altos; portanto, aproveite o momento

O ANO DE 2011 tem sido excepcional para o mercado de consórcios, principalmente para aquisição de veículos, com aumento de mais de 33% no número de cotistas no primeiro quadrimestre ante o mesmo período de 2010. Mérito da racionalidade, pois consórcios nada mais são do que um meio mais econômico do que os financiamentos para comprar itens de grande valor. O mecanismo de um consórcio é simples. Uma empresa administradora reúne pessoas interessadas em comprar um bem -um automóvel, por exemplo- e que não tenham a necessidade de ter esse bem em mãos imediatamente.
A empresa divide o valor do bem em um grande número de parcelas de modo que a soma das parcelas pagas pelos consorciados a cada mês permita adquirir um ou mais desses bens.
Isso permite que, mensalmente, um ou mais consorciados sejam contemplados por sorteio e adquiram a carta de crédito que compra o bem à vista. Além dos sorteios, a maioria dos planos de consórcios permite que os participantes ofereçam lances antecipando certo número de prestações. Quem der o maior lance leva a carta de crédito.
A administradora lucra ao cobrar uma taxa sobre o valor da carta de crédito. Se você entrar em um consórcio de cem meses para adquirir uma carta de R$ 100 mil, com taxa de administração de 20%, pagará cem prestações de R$ 1.200.
Parece muito, mas é um mecanismo muito mais em conta do que um financiamento que cobre, por exemplo, taxa de juros de 1% ao mês. Ao optar por um financiamento desses pelo prazo de cem meses, você pagaria prestações de R$ 1.571 -custo de 57% no mesmo período.
Porém, o financiamento traz a vantagem de você poder desfrutar do bem desde o momento em que começa a pagar, sem ter de esperar ser contemplado.
Pela vantagem financeira, quem vende consórcios costuma alardear que o produto é um grande investimento. Definitivamente, consórcio não é investimento, pois, ao adquiri-lo, você está pagando mais do que vale sua compra, incluindo a taxa de administração no preço.
Mas é fato que, ao usar consórcios, podemos viabilizar bons investimentos. Por exemplo, se você tem uma boa reserva financeira, mas insuficiente para pagar um imóvel que está abaixo do preço de mercado, pode discutir com uma administradora de consórcios se sua poupança viabiliza um lance contemplável em poucos meses. Ao assumir a prestação do consórcio -mais barata que um financiamento- e ofertar um lance contemplável, na prática é como se tivesse oferecido uma entrada no financiamento sem assumir todo o custo deste. Muitos investidores fazem isso para comprar imóveis que, quando revendidos, trazem lucro maior que a taxa de administração. Lucram com dinheiro alugado. Vale a pena? Sim, mas, nesse caso, o consórcio não foi um investimento, e sim um custo. Investimento foi o imóvel. Se, por outro lado, o investidor não conseguir vender esse imóvel com uma margem maior do que a taxa de administração, ou não conseguir aplicar bem o dinheiro da venda, ele estará perdendo dinheiro nas prestações que assumiu.
Vale ressaltar que, apesar da evidente oportunidade, consórcios somente serão interessantes enquanto o mercado for ineficiente. Para que alguém lucre com consórcio, outra pessoa precisa sair perdendo.
Enquanto todos pagam a mesma prestação, alguns são sorteados antes e desfrutam do bem, outros pagarão durante todo o prazo para desfrutarem apenas no final.
Se todos decidirem desfrutar de seus bens no começo do plano, terão de dar lances contempláveis de valor cada vez mais alto, quase que pagando à vista todo o plano. Nesse caso, não há sentido em pagar a taxa de administração. Consórcios também só são interessantes porque custam menos do que financiamentos. Quanto mais os juros da economia caírem, menor será a vantagem financeira, consequentemente menor será também a propensão a aguardar a contemplação. Consórcios somente serão uma ótima opção enquanto os juros estiverem altos. Portanto, aproveite o momento. Avalie um consórcio antes de assinar um financiamento.

GUSTAVO CERBASI é autor de "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (ed. Gente) e "Investimentos Inteligentes" (Thomas Nelson).
Internet: www.maisdinheiro.com.br
@gcerbasi

AMANHÃ EM MERCADO:
Benjamin Steinbruch


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