São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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ANÁLISE ENERGIA

Multiplicar ações é desafio para o Brasil manter liderança no setor de bioenergia

JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA

A relevância conquistada pelo setor brasileiro de bioenergia é indiscutível.
O sucesso do carro flex, que movimenta a escolha por combustível mais competitivo nos postos do país, confirma as vantagens econômicas do etanol.
As últimas iniciativas na Europa e nos Estados Unidos evidenciam que estão superadas as incertezas quanto ao potencial de crescimento da demanda internacional.
O desafio agora é preparar o Brasil para assegurar a liderança no setor em curto, médio e longo prazos.
Essa evolução depende da definição clara de uma matriz energética. Essa é a condição fundamental para a estruturação de planos como a logística competitiva para o escoamento da produção.
Nos próximos anos, as empresas devem preparar-se para reforçar investimentos em pesquisa e inovação, estimular fornecedores de bens de capital e formar operadores de máquinas de última geração em tempo recorde.
Não são tarefas fáceis. A definição de política energética de longo prazo depende de amplo e cuidadoso estudo que estabeleça o papel e a importância de cada fonte de energia no futuro do país.
A transparência desse planejamento garantirá a confiabilidade de investimentos pelos mercados interno e externo. A construção de um sistema logístico integrado é um desafio latente. É preciso unir forças para criar um alcoolduto que leve a produção de etanol do Centro-Oeste para outros centros consumidores.
Os benefícios do projeto, avaliado em R$ 2 bilhões, envolvem a redução do custo de transporte, do uso de diesel e da emissão de CO2, além de ser indispensável o reforço na infraestrutura para a abertura dos mercados internacionais.
É essencial o fortalecimento das empresas de bens de capital para que elas acompanhem o crescimento do setor de bioenergia.
A indústria precisa redinamizar sua gestão, criando uma estrutura de capital adequada, financeiramente sólida e capaz de prover novas tecnologias que elevem a competitividade do etanol.
Hoje, o Brasil é o país mais competitivo na produção de energia renovável e é destaque na área de P&D, por meio de institutos como o Centro de Tecnologia da Cana.
Multiplicar tais ações é imperativo estratégico para manter a liderança. É importante que os produtores aproximem-se ainda mais de iniciativas públicas e privadas que invistam na evolução de soluções biotecnológicas.
Respeitáveis conquistas foram comemoradas nos últimos anos, mas o setor precisa de mais.
O espaço do etanol entre os grandes consumidores mundiais depende da iniciativa do Brasil em impulsionar sua produção em outros países, garantindo confiabilidade, exportando experiências e tecnologia.
Todos esses desafios precisam ser superados para que o país consolide a liderança e assuma o papel de protagonista mundial na produção de energia limpa e renovável.


JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


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