São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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Commodities

Febre aftosa no Paraguai deixa a pecuária brasileira em alerta

Controle na fronteira é ampliado devido à proximidade do foco com Mato Grosso do Sul

Doença faz Paraguai suspender exportações de carne bovina; medida afeta três frigoríficos brasileiros

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

O Paraguai relatou à OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) a ocorrência de um foco de febre aftosa em Sargento Loma, departamento de San Pedro, a cerca de 130 quilômetros da fronteira com o Brasil.
Dos 110 animais com menos de 24 meses avaliados, foram identificados sinais clínicos da doença em 13. O Paraguai suspendeu as exportações de carne bovina, medida que afeta duas empresas brasileiras instaladas no país -Minerva e JBS. Em nota, o Minerva afirmou que suspendeu o abate de sua unidade localizada no país "até que a situação seja esclarecida e neutralizada".
A JBS, que tem duas unidades no país, disse que destinará a produção para o mercado interno e que os embarques hoje feitos a partir do Paraguai serão cobertos por unidades em outros países.
A proximidade do foco da doença com Mato Grosso do Sul colocou o governo e os pecuaristas em alerta. Em 2005, o Estado registrou focos de febre aftosa e teve as importações de carne bovina suspensas por 56 países. Na ocasião, foi levantada a hipótese de o rebanho brasileiro ter sido contaminado por gado paraguaio. A possibilidade de entrada de animais com o vírus pela fronteira faz da ocorrência da febre aftosa na América do Sul um dos maiores desafios do setor de carnes brasileiro.
"O sucesso do Brasil passa também por um controle sanitário eficiente no Paraguai", afirma Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (associação dos exportadores de suínos).
O foco em Mato Grosso do Sul também levou prejuízos aos produtores de suínos. Até hoje, o setor não conseguiu retomar as vendas para a África do Sul, que interrompeu as importações em 2005.
"Não podemos mais conviver com essa doença", diz Luciano Vacari, superintendente da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso).
O Estado, que detém o maior rebanho do país, está distante do novo foco de aftosa, mas Vacari diz que o produtor deve ficar atento ao monitoramento do rebanho.
O Ministério da Agricultura afirmou que foram intensificadas ações de vigilância na fronteira com o Paraguai, com aumento do número de fiscais agropecuários, colocação de barreiras na região e mapeamento de propriedades de maior risco no Brasil.
O presidente da Abiec (associação dos exportadores de carne bovina), Antonio Camardelli, considera a situação controlada, pois o Paraguai está ciente do foco e toma medidas para contê-lo.
Ele descarta a possibilidade de países colocarem barreiras às importações do Brasil por conta da proximidade do país com o foco.


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