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Ação no câmbio futuro é inócua, dizem analistas
Para especialistas, tributação maior em operações na BM&F pode ser contornada
Dólar fecha em alta
de 1,26%, cotado a
R$ 1,687, após anúncio
de medidas para tentar
conter queda da moeda
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Aumentar para 6% o IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) para estrangeiro
poderá ter até algum efeito
de curto prazo no câmbio,
mas tributar os depósitos de
garantia nas operações na
BM&F terá efeito inócuo, segundo analistas.
Isso porque quase nenhum dos participantes do
mercado de câmbio usa dinheiro em espécie ou depende de uma operação cambial
para atender às exigências
diárias de garantia da Bolsa.
As garantias obrigatórias
são divulgadas diariamente
pela Bolsa e servem para cobrir o risco de alguém quebrar na operação.
Normalmente, o estrangeiro compra (ainda no exterior)
uma carta de fiança de seu
banco, que serve de garantia
na BM&F, ou deposita títulos
públicos de sua posse.
BESTEIRA INOMINÁVEL
"Foi uma besteira inominável mexer com a margem
na BM&F. Quem quiser se livrar vai se livrar. E não é
questão de burlar a legislação ou as regras. É que os mecanismos permitem que seja
feito dessa forma", disse João
Medeiros, diretor da corretora Pioneer, uma das mais
atuantes no mercado de dólar na BM&F.
Para Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, a medida teve o mérito de procurar
atingir o mercado de câmbio
futuro, que tem maior peso
na formação da taxa de câmbio brasileira. Por outro lado,
Nehme reconhece que tributação da margem de garantia
deixou vários buracos, que
podem ser contornados.
Com o susto, ontem, o dólar chegou a bater em
R$ 1,70, mas terminou o dia a
R$ 1,687, com alta de 1,26%,
quando os operadores passaram a entender melhor o impacto da medida.
Ontem, o dia foi negativo
nos mercados por conta do
aumento de juros na China
(leia na pág. B4), o que ajudou a elevar o dólar.
Se falhar novamente, a expectativa é que o governo
adote novas medidas para
segurar o real.
Para Marcelo Xandó, diretor da Verax Serviços Financeiros, o novo IOF encarece
os custos do estrangeiro aplicar em curto prazo no Brasil e
torna mais seletivo o acesso
dos grandes fundos de hedge
ao mercado brasileiro.
"Virou um jogo para peixe
muito grande, que decida
bancar a aposta", disse.
"A medida assustou um
pouco. Vamos ver daqui para
a frente. As pessoas estão
pensando duas vezes; sabem
que, se não melhorar a taxa
de câmbio, vão vir mais coisas por aí", disse José Roberto Carreira, da Fair Trade.
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