São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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Ação no câmbio futuro é inócua, dizem analistas

Para especialistas, tributação maior em operações na BM&F pode ser contornada

Dólar fecha em alta de 1,26%, cotado a R$ 1,687, após anúncio de medidas para tentar conter queda da moeda

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Aumentar para 6% o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para estrangeiro poderá ter até algum efeito de curto prazo no câmbio, mas tributar os depósitos de garantia nas operações na BM&F terá efeito inócuo, segundo analistas.
Isso porque quase nenhum dos participantes do mercado de câmbio usa dinheiro em espécie ou depende de uma operação cambial para atender às exigências diárias de garantia da Bolsa.
As garantias obrigatórias são divulgadas diariamente pela Bolsa e servem para cobrir o risco de alguém quebrar na operação.
Normalmente, o estrangeiro compra (ainda no exterior) uma carta de fiança de seu banco, que serve de garantia na BM&F, ou deposita títulos públicos de sua posse.

BESTEIRA INOMINÁVEL
"Foi uma besteira inominável mexer com a margem na BM&F. Quem quiser se livrar vai se livrar. E não é questão de burlar a legislação ou as regras. É que os mecanismos permitem que seja feito dessa forma", disse João Medeiros, diretor da corretora Pioneer, uma das mais atuantes no mercado de dólar na BM&F.
Para Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, a medida teve o mérito de procurar atingir o mercado de câmbio futuro, que tem maior peso na formação da taxa de câmbio brasileira. Por outro lado, Nehme reconhece que tributação da margem de garantia deixou vários buracos, que podem ser contornados.
Com o susto, ontem, o dólar chegou a bater em R$ 1,70, mas terminou o dia a R$ 1,687, com alta de 1,26%, quando os operadores passaram a entender melhor o impacto da medida.
Ontem, o dia foi negativo nos mercados por conta do aumento de juros na China (leia na pág. B4), o que ajudou a elevar o dólar.
Se falhar novamente, a expectativa é que o governo adote novas medidas para segurar o real.
Para Marcelo Xandó, diretor da Verax Serviços Financeiros, o novo IOF encarece os custos do estrangeiro aplicar em curto prazo no Brasil e torna mais seletivo o acesso dos grandes fundos de hedge ao mercado brasileiro.
"Virou um jogo para peixe muito grande, que decida bancar a aposta", disse.
"A medida assustou um pouco. Vamos ver daqui para a frente. As pessoas estão pensando duas vezes; sabem que, se não melhorar a taxa de câmbio, vão vir mais coisas por aí", disse José Roberto Carreira, da Fair Trade.


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