São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Empresa busca doação para se financiar

Para especialistas, "crowdfunding" por meio de redes sociais pode mudar forma tradicional de financiamento

Modelo encontra um ambiente favorável no Brasil por conta da economia aquecida edo sucesso das redes

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O "crowdfunding" -modelo de financiamento em que muitas pessoas doam pequenas quantias- ainda é mais comum no custeio de ideias culturais. Mas já desponta como uma nova forma de capitalizar empresas, e até de transformar as formas de financiamento existentes.
"Estamos vendo a queda dos mecanismos de financiamento tradicionais, como o venture capital [capital de risco] e os investidores-anjo [profissionais dispostos a investir capital intelectual e financeiro em empresas nascentes]", afirma Kevin Lawton, empresário e coautor do livro "The Crowdfunding Revolution" (Revolução do Crowdfunding).
"Esses modelos têm dificuldades para servir às novas start-ups [empresas iniciantes com foco em alta tecnologia]", completa.
Seria então o "crowdfunding" um substituto para as formas clássicas de financiamento? Lawton acredita que não. Para ele, os modelos tradicionais vão se fundir a esse novo e criar um híbrido.
Marcelo Salim, coordenador do CEI (Centro de Empreendedorismo Ibmec), discorda. Ele afirma que o "crowdfunding" não substitui algumas características do investidor-anjo.
"O anjo quer meter a mão na massa, ajudar, colaborar. Ele acha que é parte fundamental para que aquela ideia se materialize, se vê fazendo parte daquele negócio, pelo menos por um tempo,"diz.
"Já no "crowdfunding", você é um indivíduo no meio da multidão, não pode esperar que vá conseguir meter a mão na massa ou que a sua opinião seja avaliada."
Para Salim, porém, daqui para frente "não faltarão olhos" tentando enxergar maneiras de profissionalizar esse modelo de financiamento e de aprender a ganhar dinheiro com ele.
"Veremos a multidão vasculhando milhões de novas ideias e projetos, e os investidores tradicionais vão se voltar à essa multidão para encontrar as melhores oportunidades", diz Lawton.
"Os investidores clássicos espertos vão usar a multidão em sua vantagem, e provavelmente terão melhor retorno financeiro."
O empresário diz que o fenômeno será maior que o microblog Twitter e que o Facebook. "As start-ups são motores de criação de emprego no mundo, e se esse for o modelo de financiamento de arranque das empresas, então será o centro épico da nossa economia."

NO BRASIL
O sistema de captação do "crowdfunding" será muito importante para o país, afirma Salim. "A gente caminha para uma economia de mercado, em que as pessoas entendem que têm que criar empresas e patrocinar a criação dessas empresas."
Além disso, Salim defende que o modelo vai democratizar as oportunidades de investimento.
"Para ter a oportunidade de investir em novas companhias, hoje você tem que entrar em um fundo, e tem [valores] mínimos. No "crowdfunding" você vai ter acesso ao desenvolvimento de oportunidades de negócios que podem se transformar em grandes empresas."
Para ele, o país tem um ambiente favorável ao desenvolvimento desse tipo de modelo. "Primeiro que as rede sociais no Brasil pegaram de uma forma inflamada. Qualquer coisa que dê vazão à nossa veia social tem um grande apelo. Além disso, nós somos a bola da vez no mercado mundial."(GRAZIELLE SCHNEIDER)


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