São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Seis razões para alugar em vez de comprar um imóvel

Na semana passada o coração falou mais alto do que a razão nos argumentos de Maria, que tenta convencer José de que é melhor comprar do que alugar.
Agora chegou a vez de José demonstrar à Maria que alugar um imóvel não é tão ruim quanto ela pensa.

USE A CALCULADORA
Maria planeja utilizar a poupança de R$ 100 mil para dar de entrada na compra de uma casa de R$ 200 mil.
O capital que falta virá de um financiamento de R$ 100 mil que consumirá cerca de R$ 1.030 da renda familiar.
José, com a calculadora em mãos, demonstra que o financiamento de R$ 100 mil terá custado, ao final de 30 anos, R$ 300 mil.
José faz as contas e explica que eles vão deixar de receber R$ 600 por mês de juros da poupança, além de assumir a prestação mensal de R$ 1.030. Impacto de R$ 1.630 por mês no orçamento deles.
Atualmente, eles moram em casa alugada por R$ 950 por mês, avaliada em R$ 200 mil. José planeja continuar morando de aluguel e investir a diferença de R$ 680 (R$ 1.630 - R$ 950) na poupança.
Com taxa de juro real líquida de 0,5% ao mês, em 30 anos eles terão ativos financeiros de R$ 683 mil que continuarão a gerar renda.
E durante 30 anos não terão o peso da dívida, porque morarão de aluguel. A boa notícia de José é, entretanto, a má notícia de Maria.

MORO ONDE QUISER
A profissão de Pedro, irmão de Maria, requer que ele se locomova com frequência.
Já foi transferido de região, em uma mesma cidade, algumas vezes. Já morou em quatro cidades e sabe que pode ser transferido novamente.
Muito complicado, e caro, devido aos custos contratuais, comprar um imóvel em cada cidade por onde a família passou. Morar de aluguel tem sido uma decisão sábia tomada por eles.
Pedro e a mulher se preocupam com a educação das crianças, que estão sempre mudando de escola, e com o sonho adiado de serem donos de uma casa.

CASA SEMPRE NOVA
José não pretende ficar a vida inteira no mesmo lugar.
Argumenta com Maria que quem mora em imóvel alugado pode morar sempre em uma casa novinha, moderna, localizada onde for conveniente para a família, em função de escola e trabalho.
O contrato de aluguel deles vence daqui a um ano e meio e José já está de olho em um novo apartamento, maior, com varanda e piscina para as crianças curtirem. Até lá, já não será tão novo assim, e o valor do aluguel deve cair, pensou. Maria fica arrepiada só de pensar em uma nova mudança.

DESVALORIZAÇÃO
O irmão de José está muito preocupado porque a prefeitura deve construir um viaduto perto da casa onde ele mora. Problema à vista!
O imóvel deve se desvalorizar e ele não terá outra opção a não ser vender o imóvel para a prefeitura, que está desapropriando a região.
Maria concorda com José que, se o irmão dele fosse inquilino, e não proprietário, mudaria para outro imóvel, deixando o problema para o dono resolver.

MANUTENÇÃO
As despesas de manutenção da casa própria são eternas. O dono nunca se livra da necessidade de consertar, reformar, decorar e ampliar.
Maria concorda com o argumento de José que o aluguel é uma maneira tranquila de se libertar desse problema e de suas despesas decorrentes. Cabe ao proprietário do imóvel -e não ao inquilino- custear as despesas de manutenção do imóvel.

ATIVO QUE GERA RENDA
A casa própria é um ativo que só gera despesa, para o resto da vida, diz José.
Os ativos que ajudam a construir riqueza são aqueles que geram renda, como os ativos financeiros.
Nosso desafio é construir um patrimônio que financie nossa velhice para que possamos parar de trabalhar e curtir a vida.
Se todo o nosso patrimônio for a casa própria e os carros, ambos quitados, teremos ativos que tiram dinheiro do nosso bolso.
Maria não gosta muito da teoria, mas é obrigada a concordar que faz sentido.
Arriscou dizer que eles podem trocar um imóvel grande por dois menores: um para morar e outro para alugar.
Não é que Maria aprendeu a lição!

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

DICAS
QUE VALEM DINHEIRO


1 Alugar um imóvel e manter o dinheiro investido requer disciplina de quem faz essa opção. Embora disponível, o dinheiro não pode ser gasto e deve ser mantido em ativos de baixo risco, com perfil de geração de renda.

2 Alugar um imóvel antes de comprar é uma boa estratégia para testar se o bairro e o imóvel em si são, de fato, a melhor escolha.

3 O valor do aluguel varia de cidade para cidade. Em grandes cidades como São Paulo, é possível alugar pagando mensalmente 0,4% do valor do imóvel.

4 O mercado está aquecido e os preços, em algumas regiões, bastante elevados. A oferta de novos imóveis deve continuar e é possível que os preços caiam.

5 Alugar pode ser uma boa estratégia na fase de recém-casados. Adiem os planos de compra para quando a família crescer. E não esqueçam de poupar, porque as despesas aumentarão.


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