São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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ANÁLISE

Projeto pode ter repetição do que aconteceu em Belo Monte

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

Quem acompanhou o leilão da usina Belo Monte, no rio Xingu (PA), deve se recordar de um fato que pode vir a se repetir no certame do TAV (Trem de Alta Velocidade).
Dias antes do leilão, as duas maiores construtoras do país (Camargo Corrêa e Odebrecht) desistiram de formar um consórcio para disputar o empreendimento. Alegaram, na ocasião, que o projeto de Belo Monte não tinha viabilidade econômica.
Na época, o governo federal foi adiante e pôs de pé um consórcio que até agora tenta forma definitiva após a saída do Grupo Bertin.
No caso do trem-bala, a história começa a ganhar contornos semelhantes, embora sempre haja a dúvida de que as construtoras possam estar "esticando a corda" para melhorar a taxa de retorno. É possível.
Por enquanto, os fornecedores da tecnologia do TAV é que dão indicações sobre o que as construtoras estão achando de tudo.
Na terça-feira, o presidente da Alstom, Philippe Delleur, criticou o projeto ao dizer que os estudos para o TAV não preveem recursos de contingência. A primeira versão dos estudos indicou 30% do orçamento para contingências. Agora, essa contingência foi a zero, disse Delleur. Para ele, o TAV custará mais que R$ 33 bilhões.
Outro sinal veio da Mitsui. Num encontro na Fiesp, também nesta semana, Kazuhisa Ota, representante do projeto Shinkansen (o trem-bala japonês), disse que o grupo não tem encontrado brasileiros dispostos a assumir a liderança do negócio.
O governo diz que não mudará o projeto e articula ainda a entrada dos Correios e dos fundos de pensão. Copia o modelo de Belo Monte.
Por tudo isso, é razoável supor que a dificuldade em fechar a conta do TAV talvez seja conveniente às construtoras. Ficam fora do leilão e depois são contratadas para construi-lo. Ganham a obra e ficam fora do risco de ser acionista. Pode ser o melhor negócio.


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