|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Empréstimo a longo prazo depende de reformas no país
LUIS MIGUEL SANTACREU
ESPECIAL PARA A FOLHA
A evolução das operações
de crédito para pessoas físicas ainda reflete o conjunto
de medidas de estímulo fiscal adotadas pelo governo
para evitar o desaquecimento da atividade doméstica. As
ações impactaram positivamente o crédito para compra
de veículos e o consignado.
Retrata, por outro lado, o
papel proeminente dos bancos oficiais, notadamente o
BNDES, no financiamento de
curto prazo a pessoas jurídicas. Também denota o papel
do banco em operações para
formar grandes conglomerados brasileiros.
A participação dos bancos
públicos no total do crédito
-independentemente do impacto e do custo orçamentário, da adequação ou não da
estratégia anticíclica e dos
efeitos fiscais, bem como a
visão sobre o papel do Estado
na economia- recoloca em
discussão os desafios que o
sistema bancário enfrenta
ante a necessidade premente
de aumento da oferta de bens
e serviços na economia.
O governo, ciente das limitações e da abrangência dos
bancos oficiais no aumento
da oferta de crédito de longo
prazo, entende que caberá
aos bancos privados e ao
mercado de capitais, preferentemente locais, suprir as
empresas com recursos livres
com fontes alternativas de
poupança financeira (exemplos: letras financeiras debêntures), a taxas e prazos
compatíveis, competitivos e
contemplando garantias ante o risco intrínseco a investimentos de longo prazo (aeroportos, portos etc.)
A viabilidade de investimentos de longo prazo passa
não apenas por medidas governamentais indutoras mas
pela retomada da discussão
de um conjunto de reformas
sob o ponto de vista fiscal, tributário, previdenciário, trabalhista, jurídico.
Concretizadas, as reformas contribuiriam para a
sustentação dos financiamentos e emissões de longo
prazo, com juros cadentes e
"spreads" menores.
Ante o ambiente eleitoral
em curso, as plataformas dos
candidatos e o compromisso
do país com o calendário esportivo daqui a quatro e seis
anos, espera-se que a discussão dessas reformas seja feita
já em 2011 -sem a qual ficará
comprometido o crescimento
para os próximos anos.
LUIS MIGUEL SANTACREU é analista de
instituições financeiras da Austin Rating.
Texto Anterior: Maioria do mercado vê alta menor da Selic Próximo Texto: Folha.com Índice
|