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ANALISE ENERGIA
Investir em geração reduz risco de desabastecimento elétrico
WALTER DE VITTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O padrão de crescimento
da economia brasileira nos
últimos anos -puxado pela
demanda interna, pelo aumento da renda e pela incorporação de parcelas da população a níveis de consumo
mais elevados- tem imposto
desafios importantes ao setor
elétrico brasileiro.
A forte expansão na demanda por energia implica
grande esforço de planejamento de longo prazo para a
ampliação da capacidade de
geração, transmissão e distribuição do sistema elétrico.
Nossas estimativas apontam para uma necessidade
de ampliação do parque gerador entre 3.000 MW e
4.000 MW ao ano, em média,
até 2017 (cerca de 28 mil MW
no acumulado do período).
Esses números levam em
consideração os cenários da
Tendências de crescimento
do PIB de 6,6% para este ano
e de 4%, em média, para o
período de 2011 a 2017.
Essa necessidade de investimento não leva em consideração a construção de usinas
destinadas à energia de reserva, que têm como prerrogativa básica gerar oferta excedente, de forma a elevar a
segurança do fornecimento
de energia elétrica.
Dados da Aneel mostram
que existem hoje, no país,
567 projetos de novas usinas
elétricas concedidos ou autorizados.
A capacidade somada desses empreendimentos é de
53.553 MW, quase o dobro da
necessidade estimada.
Desse total, 18% (ou 9.650
MW) concentram-se em projetos paralisados por uma série de entraves e que não possuem data estimada de conclusão.
As demais usinas, que
compõem os 44.104 MW restantes, devem entrar em operação entre 2010 e 2017, agregando, em média, 5.513 MW
por ano ao sistema, acima,
portanto, das necessidades
estimadas para o período.
Essa diferença se deve
principalmente ao fato de
que boa parte dos empreendimentos em construção se
destina à eliminação do deficit estrutural do sistema elétrico nacional.
Assim, no curto prazo, a
capacidade de geração tem
de crescer mais que a demanda para eliminar a dependência com relação ao nível
de chuvas.
Nos últimos anos, o setor
elétrico tem se mostrado capaz de realizar esforços importantes para reduzir os riscos de novos quadros de desabastecimento.
Os esforços não se restringem à área de geração, tendo
contrapartidas nas áreas de
transmissão e distribuição. O
risco de apagões, contudo,
não está descartado.
Porém, diferentemente do
passado recente, em que esses riscos estavam associados a fatores imponderáveis
(nível de chuvas), atualmente, os riscos estão mais relacionados a atrasos na conclusão das obras de construção das novas capacidades.
WALTER DE VITTO é analista do setor de
energia da Tendências Consultoria
Integrada.
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