São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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Clientela precisa de educação financeira, dizem especialistas

DE BRASÍLIA

Além de preferir tomar empréstimos nas lojas de varejo, a nova classe média tem ainda o hábito de comprar fiado, emprestar o cartão de crédito para parentes e amigos irem às compras e quer ter logo em mãos o bem desejado em vez de poupar para tê-lo apenas no futuro.
É o que mostra pesquisa do instituto Data Popular.
Na avaliação de especialistas, essa clientela precisa de educação financeira.
A complexidade do mercado, aliada à falta de conhecimento dos novos clientes, favorece a concentração e enfraquece iniciativas para estimular a concorrência.
O sistema financeiro está em segundo lugar no ranking de reclamações da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, feito a partir das queixas registradas nos Procons.
Em 2008, por pressão do Ministério Público e das entidades de defesa do consumidor, o governo decidiu padronizar as tarifas de serviços básicos para facilitar a compreensão dos clientes. A medida, no entanto, teve pouco efeito na prática.
"Antes era impossível [entender as tarifas], cada banco usava um nome. Com a padronização, o Banco Central atuou de forma a coibir abusos", afirma a procuradora Valquíria Quixadá, coordenadora do grupo de defesa do consumidor bancário no Ministério Público Federal.
No entanto, ela reconhece a falta de campanhas de educação financeira para melhorar a transparência na comunicação com o cliente.
"Houve uma evolução, mas ainda não é algo absolutamente transparente e fácil de ser entendido", afirma João Carlos Oliveira, professor de economia da Universidade de Brasília.
"Tem de mostrar para o consumidor exatamente quais são os benefícios que ele pode ou não ter. Isso evitaria inclusive um endividamento em excesso", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora do ProTeste.
Dono de um quiosque na rodoviária de Brasília, Francisco de Assis Albuquerque, 60, mantém conta num mesmo banco há 25 anos.
Ele só abriu uma nova porque havia outra instituição mais próxima do seu antigo trabalho. A conta, porém, já foi encerrada. "É tanta coisa que cobram que só trabalhando lá dentro para saber."
A desconfiança com os bancos não vale para os amigos. Ele tem o hábito de emprestar o cartão de crédito para os mais próximos. "Todo mundo pode ajudar os outros se tiver condições." (SDA E FF)


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