São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011

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Investimento mundial em patente dispara

Popularidade de processos leva grandes empresas a gastar mais para a aquisição de propriedade intelectual

Google adquiriu mil patentes da IBM e consórcio liderado por Apple e Microsoft compra cerca de 6.500


DO "NEW YORK TIMES"
DE SÃO PAULO


Banqueiros de Wall Street e executivos do setor de tecnologia andam com as calculadoras ocupadas depois que o Google ofereceu US$ 12,5 bilhões pela Motorola Mobility.
Não só o ágio de 63% sobre as ações os levou a reconsiderar as avaliações, mas a justificativa do preço pago pelo Google: as patentes.
"A aquisição da Motorola foi um evento sísmico", disse Ronald Laurie, antigo advogado de propriedade intelectual que hoje é diretor-executivo da Inflexion Point Strategy, consultoria de patentes.
Hoje, patentes são propulsores para as fusões e aquisições, "e isso vem promovendo alta nas avaliações", diz.
A compra destaca a importância crescente das patentes na comunicação móvel e os altos preços que empresas estão dispostas a pagar para impedir que rivais as controlem.
À medida que a web se torna mais móvel e as disputas judiciais sobre patentes se intensificam, os acervos delas só crescerão em valor, afirmam alguns analistas.
A corrida do ouro no ramo de patentes, no entanto, tem seu lado sombrio: está desviando dinheiro que antes era usado para desenvolver inovações em setores cruciais, dizem outros analistas.
Patentes foram criadas como incentivo à inovação, propiciando aos inventores o direito temporário de comercializar suas ideias sem que outros pudessem copiá-las.
Embora as recentes transações bilionárias possam fazer sentido para os envolvidos, suas motivações podem ser basicamente jurídicas: impor direitos de patentes ou usá-las como defesa contra demandas de concorrentes.
"Seria melhor que o Google investisse US$ 12 bilhões na criação de conhecimento novo", diz Josh Lerner, da escola de administração da Universidade Harvard. "É transferência de riqueza dos inovadores para os credores e acionistas, que não têm motivação para inovar. É uma tendência perturbadora."

DISPARADA
Empresas de investimento especializadas, processos judiciais, projetos de lei frouxos para a reforma das leis de patentes e concorrência feroz entre rivais dotados de amplos recursos também servem para alimentar essa inflação.
Até o momento, transações envolvendo patentes estão em disparada no trimestre.
No mês passado, o Google adquiriu mil patentes da IBM, após perder no leilão das patentes da Nortel Networks.
Enquanto isso, cerca de 6.500 patentes foram arrematadas, por US$ 4,5 bilhões, bem acima da estimativa inicial do mercado, por um consórcio liderado por Apple e Microsoft.
Com a popularidade dos processos, as grandes empresas passaram a dedicar mais atenção a sua propriedade intelectual e a gastar mais na aquisição de patentes.
O Google tem um dos mais modestos acervos do tipo na área de comunicação móvel, com apenas 317 patentes ou aplicações registradas, de acordo com dados do MDB Capital. Microsoft e Nokia, em contraste, detêm milhares.
O que torna o tema ainda mais complexo é que, com a rentabilidade crescente de processos envolvendo patentes, algumas companhias começaram a explorar o sistema legal, exigindo prêmio maior por licenças -às vezes, em invenções questionáveis.
Segundo reportagem recente publicada na revista "The Economist", entidades detentoras de direitos autorais, mas que não fabricam produtos, viram seus ganhos médios mais que dobrarem nos últimos 15 anos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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