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ANÁLISE AGRO
Cenário de alta deve favorecer o plantio de milho na safrinha
LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA
O mais recente relatório de
oferta e demanda mundial de
milho do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA)
ajudou a consolidar os atuais
preços firmes na Bolsa de Chicago.
As novas estimativas do
órgão apontam para produção menor na safra 2010/11
ante os números divulgados em agosto.
Com a expectativa de crescimento das exportações devido à quebra de safra na Europa, a relação estoque-consumo de milho (indica o percentual do consumo que pode ser atendido pelos estoques de passagem) nos EUA
é estimada em 8,3%, ante a
média histórica de 22,7%.
Os níveis de produtividade
média indicada pela colheita
do milho nos EUA também se
mostram abaixo do esperado. Todos esses fatores levaram os preços do grão a romper o patamar de US$ 5 por bushel (25,4 kg) em Chicago.
No mercado doméstico, os
preços também estão em alta. Em Minas Gerais, o milho
subiu 15% em 30 dias, enquanto no Rio Grande do Sul
a valorização foi de 11%.
O bom desempenho das
exportações observado em
agosto já sinaliza mudança
no comportamento do mercado. De acordo com a Secex,
o Brasil exportou 1,19 milhão de toneladas em agosto.
O excelente resultado obtido pelos leilões de prêmio de
escoamento de produto (PEP) leva o governo a acreditar que as exportações possam alcançar cerca de 9 milhões de toneladas em 2010.
O aumento da demanda, principalmente via exportação, também resultou em alta de preços na BM&F. O contrato de novembro fechou o pregão de sexta-feira cotado
a R$ 25,20 por saca -mais 13% nos últimos 30 dias.
Apesar da recente alta de
preços tanto no mercado doméstico como no internacional e das boas expectativas
de exportação em 2010, a
área cultivada com milho verão no Brasil deverá recuar.
A decisão de investimentos, especialmente na região
Sul, já está tomada. Por sua
vez, a segunda safra de milho
deverá registrar crescimento
diante do cenário atual de recuperação de preços.
A segunda safra de milho vem ganhando cada vez mais importância no Brasil, com destaque para o Mato Grosso.
No ano agrícola 2000/1, a
produção de milho na segunda safra foi responsável por
15,3% da safra total do cereal. Em 2010/11, essa participação saltou para 39,3%.
Há uma mudança geográfica na produção, cujo desenvolvimento tecnológico passa a ter grande responsabilidade por esse novo viés.
Há dez anos, poucas eram
as empresas de sementes que
acreditavam no avanço significativo do milho na segunda safra, devido ao alto risco
que a cultura apresentava.
Com os expressivos crescimentos de produtividade,
principalmente no Centro-Oeste, a safrinha passou a ter
suma importância sobre o
abastecimento de milho. Enquanto a área plantada com
milho deverá recuar no verão, a safrinha deverá ser novamente a grande protagonista da safra 2010/11.
LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro
agrônomo, mestre em economia e
consultor em agronegócio.
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