São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2010

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Reino Unido faz maior corte em 60 anos

Governo britânico pretende reduzir gastos em US$ 130 bi até 2015 e diminuir deficit dos atuais 10% para 2%

Idade mínima para aposentadoria será de 66 anos em 2020; EUA dizem que é cedo para dar fim a estímulos

Sang Tan/Associated Press
Milhares de pessoas protestam em Londres contra plano de cortes do governo britânico

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo britânico anunciou ontem o plano de corte no Orçamento mais radical em 60 anos, em uma tentativa de reduzir o deficit recorde e se unindo a diversos países europeus que também tentam pôr suas contas em dia.
O projeto apresentado ao Parlamento prevê redução de 83 bilhões (cerca de US$ 130 bilhões) no gasto público até 2015, afetando diversas áreas, como segurança pública e, em menor grau, educação. Até a família real teve seu orçamento cortado.
O novo governo, que está no poder desde maio, pretende ainda cortar em 490 mil o número de funcionários públicos, 8% do total, elevar impostos e aumentar a idade de aposentadoria de 65 para 66 anos a partir de 2020.
Com isso, pretende reduzir o tamanho do rombo das contas públicas, que caminha para 10,1% do PIB neste ano fiscal. A previsão é que, com os cortes anunciados, o deficit público caia para 2,1% do PIB no ano fiscal 2014-15.
"Hoje é o dia em que o Reino Unido se afasta do abismo", afirmou o ministro das Finanças, George Osborne, em discurso na Câmara dos Comuns. De acordo com ele, desistir de reduzir o deficit "seria o caminho para a nossa ruína econômica".
As contas britânicas entraram em desordem especialmente a partir de 2008, quando o governo gastou bilhões de libras para resgatar bancos, ao mesmo tempo em que viu a sua receita encolher, já que a economia entrou em recessão devido à crise e a taxa de desemprego disparou.
O mesmo cenário se repetiu em diversos países europeus, e agora os governos correm com medidas para diminuir o deficit, ainda mais depois das preocupações que tomaram conta dos mercados globais no primeiro semestre sobre a capacidade da Europa de manter seus compromissos em dia.

SEM CONSENSO
Aumento da idade de aposentadoria, redução do número de funcionários públicos (e dos seus salários) e aumento de impostos são algumas das medidas de austeridade adotadas por governos, de Alemanha a Grécia.
Mas, com a economia global ainda mostrando sinais de debilidade, a redução do estímulo não é consenso nem entre economistas.
Enquanto os europeus nos últimos meses vêm colocando em prática planos para reduzir seus gastos (e diminuir o deficit), outros países, como os EUA, pregam que ainda não é hora de retirar o estímulo econômico.


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