São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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Assinatura digital garante lucro ao 'NYT'

Apesar de queda na receita publicitária, empresa que edita o jornal tem resultado positivo com assinantes do site

Sistema híbrido de assinatura digital adotado pela publicação é visto como modelo para os EUA

DE SÃO PAULO

A New York Times Co., que edita o "New York Times", anunciou os resultados para o terceiro trimestre do ano, com destaque para um lucro de US$ 15,7 milhões -ante perda de US$ 4,3 milhões no mesmo período de 2010. O resultado foi obtido apesar de uma queda de 8,8% na publicidade total.
Em contraposição, o número de assinaturas digitais do site do jornal chegou a 324 mil leitores, crescendo mais de 40 mil desde o resultado registrado em junho.
O "NYT" soma agora 1,2 milhão de assinantes digitais, incluindo os 800 mil da versão impressa, com direito de acesso, e 100 mil de acordo patrocinado pela Ford.
O resultado operacional também se deve à venda da participação do grupo no clube Boston Red Sox -o que permitiu, por outro lado, pagar parte do empréstimo tomado pela Times Co. junto ao mexicano Carlos Slim. A presidente do grupo, Janet Robinson, resumiu: "Fizemos progressos significativos no desenvolvimento de uma robusta fonte de receita de assinatura digital, reduzimos os custos operacionais e melhoramos significativamente a liquidez por meio do pagamento adiantado de uma dívida de juro alto".
Tanto na apresentação da NYT Co. como na repercussão dos resultados, o que mais ganhou atenção foi o êxito nas assinaturas digitais.

MODELO
O resultado confirma o "paywall" híbrido ou "poroso" do "NYT", adotado no final do primeiro trimestre, como modelo nos EUA. "É um sucesso, realmente", diz Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e professor da Universidade do Texas. "Mas porque não é tudo ou nada. Permite que você continue tendo o leitor casual, que chega por meio da mídia social ou da busca no Google. E agora outros estão adotando."
Além do leitor que vem desses sites, o modelo permite o acesso direto, via home, a 20 textos por mês. O editor para estratégia digital do jornal, Jim Roberts, já havia anunciado em encontro mundial de editores, dias antes, que o "paywall" não havia afetado a audiência do site -que até registrou uma pequena elevação de 2,3% em setembro, em relação ao ano passado.
O crescimento voltou a ser lembrado ontem por Janet Robinson, sublinhando que ele segue como o maior site jornalístico no mundo.

MÍDIA SOCIAL
Roberts também credita o bom resultado, em parte, à permissão de acesso via buscas do Google e de redes sociais como Facebook e Twitter. E afirmou que o desafio agora é transformar os leitores que chegam ao site por esses caminhos, sobretudo jovens, em assinantes.
Antes mesmo dos resultados do terceiro trimestre do "NYT", o modelo já se disseminava. Mais de cem jornais americanos, sobretudo regionais, adotaram sistema de cobrança semelhante oferecido pela empresa Press+.
E a rede de jornais Tribune iniciou na semana passada sua primeira experiência, com o "Baltimore Sun", também com um sistema "poroso", que estimula assinaturas, mas não impede inteiramente o acesso. A rede, a maior dos EUA, confirma que deve fazer o mesmo com o "Los Angeles Times" nos próximos meses.
Até a News Corp., que adotou o modelo fechado para seus jornais, caso do "Wall Street Journal" e do "Times" de Londres, inicia na segunda uma experiência híbrida, no "The Australian".


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