São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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Empresas investem mais para "segurar" talentos

Trabalhadores buscam novas oportunidades e pressionam companhias

Para evitar inflação de salários, solução é valorizar equipe antes que os funcionários procurem concorrência

DE SÃO PAULO

Aos 38 anos e sem nunca ter mudado de emprego antes, o economista Marcos Higasi decidiu trocar de firma e setor há menos de um mês.
O salário 20% mais alto e a oportunidade de conhecer novas áreas de atuação motivaram o ex-gerente de controladoria do Itaú -companhia em que permaneceu por 11 anos- a se tornar gerente financeiro de uma empresa prestadora de serviços no ramo de telefonia celular.
"Com o mercado aquecido, quis buscar novos horizontes", diz Higasi.
A Robert Half, empresa de recrutamento de executivos, diz que o bom momento do mercado de trabalho tem encorajado os funcionários a trocar de área.
E, nesse cenário, as companhias reforçam as estratégias para manter os bons profissionais e recrutar talentos.
Salários mais altos, plano de carreira e oferta de treinamento estão entre as ferramentas disponíveis.

ANTECIPAÇÃO
"No cenário de disputa por mão de obra, não aconselhamos as empresas a fazer contrapropostas a funcionários que pedem para sair", diz Ana Guimarães, especialista em recrutamento na divisão de mercado financeiro da Robert Half.
"Observamos que, se o trabalhador permanece só por causa do novo salário, ele volta a se sentir insatisfeito em no máximo seis meses", completa. A solução, portanto, é que as companhias se antecipem à possível insatisfação do empregado, para evitar que ele olhe para a concorrência.
O escritório de advocacia Siqueira Castro, um dos maiores do país, com 1.400 funcionários e 58 sócios, apresentou neste ano uma nova versão do plano de carreira para melhorar a política de bonificações.
"Temos plano de carreira bem definido até para estagiários", diz Carlos Fernando Siqueira Castro, sócio do escritório. "Nós dependemos de bons profissionais e, com a economia aquecida, aumenta a preocupação "defensiva" na área de RH, que é estratégica", afirma.

REAJUSTES REAIS
Com a competição, os salários também têm subido.
Um estudo do Dieese mostra que, no primeiro semestre de 2010, cresceram as negociações salariais de sindicatos com reajustes acima da inflação (veja quadro).
"No passado, demitir era o modo mais simples de as empresas cortarem custos. Agora, com a perspectiva de que a demanda siga aquecida, as companhias precisam garantir a entrega e a qualidade dos produtos", diz Clemente Ganz, diretor técnico do Dieese. (CAROLINA MATOS)

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