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Empresas investem mais para "segurar" talentos
Trabalhadores buscam novas oportunidades e pressionam companhias
Para evitar inflação de salários, solução é valorizar equipe antes que os funcionários procurem concorrência
DE SÃO PAULO
Aos 38 anos e sem nunca
ter mudado de emprego antes, o economista Marcos Higasi decidiu trocar de firma e
setor há menos de um mês.
O salário 20% mais alto e a
oportunidade de conhecer
novas áreas de atuação motivaram o ex-gerente de controladoria do Itaú -companhia em que permaneceu por
11 anos- a se tornar gerente
financeiro de uma empresa
prestadora de serviços no ramo de telefonia celular.
"Com o mercado aquecido, quis buscar novos horizontes", diz Higasi.
A Robert Half, empresa de
recrutamento de executivos,
diz que o bom momento do
mercado de trabalho tem encorajado os funcionários a
trocar de área.
E, nesse cenário, as companhias reforçam as estratégias para manter os bons profissionais e recrutar talentos.
Salários mais altos, plano
de carreira e oferta de treinamento estão entre as ferramentas disponíveis.
ANTECIPAÇÃO
"No cenário de disputa por
mão de obra, não aconselhamos as empresas a fazer contrapropostas a funcionários
que pedem para sair", diz
Ana Guimarães, especialista
em recrutamento na divisão
de mercado financeiro da Robert Half.
"Observamos que, se o trabalhador permanece só por
causa do novo salário, ele
volta a se sentir insatisfeito
em no máximo seis meses",
completa. A solução, portanto, é que as companhias se
antecipem à possível insatisfação do empregado, para
evitar que ele olhe para a
concorrência.
O escritório de advocacia
Siqueira Castro, um dos
maiores do país, com 1.400
funcionários e 58 sócios,
apresentou neste ano uma
nova versão do plano de carreira para melhorar a política
de bonificações.
"Temos plano de carreira
bem definido até para estagiários", diz Carlos Fernando
Siqueira Castro, sócio do escritório. "Nós dependemos
de bons profissionais e, com
a economia aquecida, aumenta a preocupação "defensiva" na área de RH, que é estratégica", afirma.
REAJUSTES REAIS
Com a competição, os salários também têm subido.
Um estudo do Dieese mostra que, no primeiro semestre
de 2010, cresceram as negociações salariais de sindicatos com reajustes acima da
inflação (veja quadro).
"No passado, demitir era o
modo mais simples de as empresas cortarem custos. Agora, com a perspectiva de que
a demanda siga aquecida, as
companhias precisam garantir a entrega e a qualidade
dos produtos", diz Clemente
Ganz, diretor técnico do
Dieese.
(CAROLINA MATOS)
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