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ANÁLISE
Capitalizações reforçam previsão de que real seguirá fortalecido
FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
É notório que um dos elementos que limitaram os
efeitos adversos da crise financeira global sobre a economia brasileira -permitindo que a atividade econômica aqui começasse a se recuperar já no 2º trimestre de
2009, de forma mais precoce
do que na maioria das grandes economias- foi o fato de
que os bancos públicos continuaram a expandir a sua
oferta de crédito.
Isso contrastou com a atitude dos bancos privados: temerosos de que haveria uma
recessão forte e prolongada,
que provocaria sensível aumento da inadimplência tanto de consumidores como de
empresas, eles adotaram
grande cautela na concessão
de crédito.
Não cabe dúvida de que os
bancos públicos incorreram
em riscos significativos, porque, a despeito da sua atuação, a incerteza global poderia preponderar, sufocando a
atividade produtiva.
Tampouco cabe dúvida de
que os bancos privados sofreram com a redução da sua
participação no mercado de
crédito -mas eles também se
beneficiaram do fato de que a
reativação da economia impediu uma deterioração generalizada da qualidade das
carteiras de crédito dos bancos no país.
Passada a situação de
emergência, o Banco do Brasil deixa claro que pretende
continuar a expandir de forma agressiva as suas operações de crédito.
A capitalização é necessária para tanto, uma vez que a
relação entre o patrimônio
do banco e o total de ativos
por ele detido já se aproxima
do limite prudencial definido
pelo Banco Central (que é de
11% -percentual maior e,
portanto, mais cauteloso, do
que o padrão internacional
de 8% definido pelo Acordo
da Basileia).
E essa operação se soma a
outra, bem maior, da Petrobras. Um dos efeitos que se
teme é o de que essas operações possam provocar é um
estreitamento do espaço para emissões de ações por outras empresas.
Outro é um possível reforço das pressões de apreciação do real -já que as operações deverão redundar em
grandes entradas de capitais.
Com relação a esse segundo aspecto, a avaliação da
LCA é a de que a melhora de
percepção de risco do Brasil e
o crescente diferencial de juros, entre outros fatores, já
têm se revelado suficientes
para impedir que os repiques
na cotação do dólar se revelem sustentáveis.
As operações de capitalização apenas reforçam a
perspectiva de que o dólar feche o ano abaixo de R$ 1,80.
FERNANDO SAMPAIO, economista, é
sócio-diretor da LCA Consultores.
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