São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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ANÁLISE

Capitalizações reforçam previsão de que real seguirá fortalecido

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

É notório que um dos elementos que limitaram os efeitos adversos da crise financeira global sobre a economia brasileira -permitindo que a atividade econômica aqui começasse a se recuperar já no 2º trimestre de 2009, de forma mais precoce do que na maioria das grandes economias- foi o fato de que os bancos públicos continuaram a expandir a sua oferta de crédito.
Isso contrastou com a atitude dos bancos privados: temerosos de que haveria uma recessão forte e prolongada, que provocaria sensível aumento da inadimplência tanto de consumidores como de empresas, eles adotaram grande cautela na concessão de crédito.
Não cabe dúvida de que os bancos públicos incorreram em riscos significativos, porque, a despeito da sua atuação, a incerteza global poderia preponderar, sufocando a atividade produtiva.
Tampouco cabe dúvida de que os bancos privados sofreram com a redução da sua participação no mercado de crédito -mas eles também se beneficiaram do fato de que a reativação da economia impediu uma deterioração generalizada da qualidade das carteiras de crédito dos bancos no país.
Passada a situação de emergência, o Banco do Brasil deixa claro que pretende continuar a expandir de forma agressiva as suas operações de crédito.
A capitalização é necessária para tanto, uma vez que a relação entre o patrimônio do banco e o total de ativos por ele detido já se aproxima do limite prudencial definido pelo Banco Central (que é de 11% -percentual maior e, portanto, mais cauteloso, do que o padrão internacional de 8% definido pelo Acordo da Basileia).
E essa operação se soma a outra, bem maior, da Petrobras. Um dos efeitos que se teme é o de que essas operações possam provocar é um estreitamento do espaço para emissões de ações por outras empresas.
Outro é um possível reforço das pressões de apreciação do real -já que as operações deverão redundar em grandes entradas de capitais.
Com relação a esse segundo aspecto, a avaliação da LCA é a de que a melhora de percepção de risco do Brasil e o crescente diferencial de juros, entre outros fatores, já têm se revelado suficientes para impedir que os repiques na cotação do dólar se revelem sustentáveis.
As operações de capitalização apenas reforçam a perspectiva de que o dólar feche o ano abaixo de R$ 1,80.


FERNANDO SAMPAIO, economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.


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