São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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ANÁLISE

A geração de novos empregos e a agenda futura do país

O BRASIL CONSEGUIU COM ÊXITO ENFRENTAR A CRISE, COM UM DESEMPENHO INÉDITO NO PERÍODO REPUBLICANO

CLAUDIO SALVADORI DEDECCA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mercado de trabalho se assemelha a uma escala de cores, tendo as situações de desemprego aberto e de emprego formal como polos.
Ambas se apresentam como termômetros valiosos do comportamento de curto prazo do mercado de trabalho e da atividade econômica.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados cumprem com competência uma das funções. Uma vez mais seus resultados revelam a capacidade atual da economia brasileira em dinamizar o mercado formal de trabalho.
Quase 300 mil postos foram criados em maio, movimento que se espraia nas diversas regiões geográficas do país e na estrutura produtiva como um todo.
Tendo alcançado 1,2 milhão de postos nos cinco primeiros meses, é cada vez mais provável que 2,5 milhões de novos postos sejam criados em 2010.
O Brasil conseguiu com êxito enfrentar a crise, com um desempenho inédito no período republicano.
Alguns elementos estruturais contribuíram para o bom resultado, como a estabilidade de preços, o baixo endividamento externo com reserva adequada de divisas e associado à capacidade de exportação, a gestão do endividamento interno com controle das contas públicas apesar da taxa de juros estratosférica e a quase total autonomia energética.
Ademais, as políticas de fortalecimento da base produtiva e do mercado interno foram decisivas para tal desempenho, devendo receber menção aquelas de financiamento do investimento privado, de ampliação da infraestrutura, de difusão do crédito produtivo e ao consumo, de salário mínimo e de transferência de renda.
Apesar dos resultados, não se deve tomar como eterna a capacidade de esses instrumentos dinamizarem o mercado formal de trabalho.
É fundamental que o país elabore políticas de longo prazo visando fortalecer a relação entre a atividade econômica e geração de emprego, como ações para a qualificação da mão de obra e a associação do padrão de investimento à geração de empregos, visando o aumento da produtividade.
As agendas das candidatas e do candidato à Presidência são uma boa oportunidade para começar a enfrentar tal desafio.


CLAUDIO SALVADORI DEDECCA é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp, com especialidade em trabalho e políticas sociais.



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