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Indústrias apostam em lojas próprias
Fabricantes investem na venda direta, "pulando" a intermediação de varejistas, para conquistar novos clientes
Preços dos produtos são similares, já que o objetivo não é acirrar a concorrência, mas expor melhor a marca
TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
Para entender melhor o
consumidor e, com isso, alavancar as vendas, a indústria
intensifica o investimento
em lojas próprias, "pulando"
a intermediação do varejo.
Na maioria dos casos, os
preços dos produtos são os
mesmos, com a justificativa
dos fabricantes de que o objetivo não é acirrar a concorrência, mas apenas experimentar formas mais eficazes
de conquistar o cliente.
A Sony abre na próxima
semana a sexta unidade no
Brasil -a primeira na região
Sul, em Porto Alegre. Paulo
Jaen, gerente geral de vendas
da empresa, lembra que a
ofensiva começou em 2008,
com a abertura da loja no
shopping Cidade Jardim, na
capital paulista.
No mundo, são mais de
200. "Não quero tirar esse
cliente do varejista. Quero
que o consumidor compre o
produto, não importa onde",
afirma Jaen.
Ele ressalta que os funcionários não ganham comissão, pois o objetivo primordial é "a experiência do consumidor com a marca".
"CONSULTORES"
Vendedores diferenciados, chamados de "consultores" pelo conhecimento do
mix de produtos, assim como
a possibilidade de controlar
o ambiente de exposição, são
apontados como a razão de
ser das lojas próprias.
De olho nessa ligação direta, o grupo Arezzo começou a
homologar empresas para
terceirizar parte da produção
em 1996 e, agora, concentra
30% da fabricação do mix
-que inclui a marca Schutz.
Com as três inaugurações
previstas, serão 13 lojas próprias da Arezzo e outras 11 da
Schutz até o final de julho.
"É preciso entender a demanda do varejo para produzir", diz Thiago Borges, vice-presidente corporativo do
grupo, para quem essa iniciativa facilita até a negociação com os 247 franqueados.
"Entendo as dores deles
muito melhor", afirma, justificando a grande quantidade
pela extensão do país, já que
"eles conhecem a realidade
local". "Nas multimarcas, eu
disputo um pedaço do bolo.
Na loja própria, posso dar vazão a novos conceitos."
Na opinião do consultor
Alberto Serrentino, da
GS&MD, "cada vez mais se
ganha o jogo nos intangíveis
porque os produtos estão ficando muito parecidos".
PORTA A PORTA
Outra forma de venda direta foi posta em prática pela
Nestlé em 2005, quando começou a comercialização
porta a porta para estreitar os
laços com a baixa renda. Hoje, são quase 8.000 revendedoras em 15 Estados.
"As vendedoras geralmente atuam nas comunidades
em que vivem e estabelecem
uma relação de confiança",
diz Alexandre Costa, diretor
de regionalização da Nestlé.
Em julho, a empresa passa
a ter um supermercado flutuante para chegar à população ribeirinha, saindo de Belém e percorrendo 18 municípios, para atender 800 mil
pessoas por mês.
Embora tenha lojas próprias em outros países, no
Brasil a Nike optou por trabalhar com parceiros em 21 unidades exclusivas, com monitoramento para seguir o padrão internacional. Para Tiago Pinto, diretor de marketing, fazer o consumidor perceber a inovação embutida
valoriza ainda mais a marca.
"Quanto mais próximo do
consumidor, mais perto do
centro estratégico que define
o jogo", resume Serrentino.
"Loja forma marca."
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