São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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Yuan sobe no 1º dia após flexibilização

Moeda chinesa avança 0,43% em relação ao dólar, perto do teto permitido, na maior variação em cinco anos

China anuncia mudança na política cambial em meio a críticas de que moeda desvalorizada produz desequilíbrios

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

No primeiro dia útil após o BC da China ter anunciado a flexibilização da taxa de câmbio, o yuan se valorizou em 0,43%. Apesar da variação pequena, foi o maior índice dos últimos cinco anos.
A valorização se aproximou do teto permitido -a moeda pode variar diariamente no máximo 0,5% para cima ou para baixo, a partir do ponto de referência.
O comportamento de ontem indica que o BC chinês deve manter a linha anunciada anteontem, um dia depois do anúncio da flexibilização, de que a taxa de câmbio ficaria "basicamente estável".
A maior parte das análises no mercado projeta uma valorização do yuan entre 2% e 5% até o final deste ano.
"Não existe a flutuação livre do yuan neste momento, portanto o governo não fará nenhuma megavalorização", disse à Folha Zheng Xin Li, do Centro Chinês para Intercâmbio Econômico Internacional da China. Ele aposta num tipo de flutuação menos atrelada ao dólar e com variações maiores em relação a outras moedas.
EUA e União Europeia creditam ao yuan desvalorizado grande parte do desequilíbrio no comércio global, ao tornar as exportações chinesas artificialmente mais baratas, ao mesmo tempo em que reduz o poder de compra no mercado interno.
"A China tenta manter a competitividade das exportações à custa de um "dumping" cambial que arrasa os produtores de outras partes do mundo, em especial com o Brasil", diz Ricardo Martins, do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp.
Segundo estudo da Fiesp, o yuan tem desvalorização artificial de 40%, "o que faz com que o 0,43% anunciado esteja muito longe do ideal".
Para a sino-brasileira Stephanie Yu, da empresa de exportação e importação Sinobras, a pequena valorização terá pouco impacto no comércio bilateral -em 2009 a China se converteu no maior parceiro comercial do Brasil.
"Os principais produtos de exportação brasileira para China são commodities e produtos básicos como insumos. Como a economia chinesa depende da importação desses produtos, a pequena valorização da moeda chinesa não afetará o volume de exportação vindo do Brasil."


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